Uma publicação nas redes sociais alega que a escritora britânica J. K. Rowling, a autora da saga Harry Potter, vendeu a sua “mansão” na Grã-Bretanha e decidiu comprar uma casa em Moscovo, na Rússia, depois de ter sido “intimidada por se manifestar contra as pessoas trans”.
Na publicação, este utilizador das redes sociais assegura que J. K. Rowling tomou esta decisão por “na sua terra natal ter sido intimidada por se manifestar contra as pessoas trans e por ser recusar a aceitar a sua filosofia”.
E acrescenta uma suposta citação de Rowling, que teria dito o seguinte: “A Rússia é o último Estado em que posso chamar uma pá de pá impunemente. Aqui estou eu, uma mulher, não um ser humano com uma vagina, como eles acreditam na Grã-Bretanha.” E, por fim, a escritora terá dito que considera “muito estranho” que seja preciso “lutar pelo direito de ser uma senhora normal”.
Apesar de J. K. Rowling ser, de facto, acusada há anos de proferir declarações alegadamente transfóbicas e ofensivas para as pessoas transgénero, não há qualquer registo ou notícia de que tenha comprado uma casa em Moscovo para escapar a “intimidações”. Também não se encontram declarações com este conteúdo nas suas redes sociais ou no seu site oficial.
Ao Observador, a assessoria da escritora “confirma que não há qualquer fundo de verdade nesta história” que está a ser difundida nas redes sociais. “J. K. Rowling não vendeu a sua casa no Reino Unido, nem comprou nenhuma propriedade em Moscovo”, lê-se na resposta enviada por e-mail.
No site oficial da escritora aparece, de resto, uma referência à morada de Rowling, que segundo essa página continua a viver em Edimburgo, na Escócia, com o marido e os dois filhos.
A autora tem sido atacada por declarações sobre as pessoas transgénero, incluindo por fãs e por atores dos filmes da saga, desde que em 2020 criticou um artigo que falava em “pessoas que menstruam”, em vez de mulheres. A partir daí, tem atacado aquilo a que chama “novo ativismo trans”, que acredita prejudicar e pôr em perigo as mulheres que se identificam com o sexo com que nasceram, e falado repetidamente no assunto. A escritora já disse ter recebido ameaças de morte por causa disso.
De resto, em 2022 Rowling chegou a ser mencionada por Vladimir Putin como exemplo de uma vítima da “cultura de cancelamento”, mas a escritora não mostrou qualquer afinidade com o regime russo e ironizou, numa resposta publicada no Twitter: “É possivelmente melhor que as críticas à cultura de cancelamento no ocidente não sejam feitas por quem está a assassinar civis pelo crime de resistência, ou a prender e envenenar os seus críticos.”
Conclusão
Não há qualquer registo ou declaração que comprove que Rowling se mudou para a Rússia. Ao Observador, a assessoria da escritora desmente tanto que tenha comprado casa em Moscovo como que tenha vendido aquela em que vive atualmente, no Reino Unido.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.