A “denúncia” surgiu num grupo de moradores da freguesia da Misericórdia, em Lisboa, em tom indignado: o “belo bebedouro do Rossio, o ex-libris da Praça”, teria sido retirado para dar lugar a um “mamarracho sem graça nenhuma”. Para o autor do comentário — que angariou até agora, num grupo com 1400 membros, 117 gostos e 381 partilhas —, está em causa um “assassinato” que mostra como a cidade de Lisboa está a “perder a sua beleza aos poucos e à custa de idiotas”. O problema é que as notícias do desaparecimento do bebedouro em causa não são verdadeiras ou, pelo menos, rigorosas, uma vez que a fonte só foi retirada de forma temporária.

Como se pode verificar nas fotografias publicadas por este utilizador do Facebook, a 13 de março, de facto, onde estava o bebedouro — que se chama, na verdade, “fonte dos Anjinhos” — encontra-se agora uma construção com as letras de Lisboa, em tons de azul. Mas a “troca” é apenas temporária: a fonte está, na verdade, a ser “arranjada e restaurada”, como explica ao Observador fonte oficial da Câmara de Lisboa, que há dias fez um post a mostrar o processo de restauração para acabar com os rumores.

https://www.facebook.com/camaradelisboa/posts/4097441596942426

Ao Observador, a mesma fonte garante que a “30 ou 31 de março” a fonte será “recolocada” na praça do Rossio, de onde foi retirada e enviada para as oficinas de uma “empresa especializada” em setembro de 2020. “Estava a precisar de manutenção e de restauro, dada a idade dos materiais e o estado conservação, e foi levada para as oficinas para restauro”, explica.

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Então e o “mamarracho” que a publicação do Facebook refere? “Sairá de lá quando entrar a fonte”, garante a Câmara. Tratava-se de um “totem alusivo à capital verde europeia, que foi em 2021”, e segundo a CML, “sempre teve o intuito de ser uma instalação temporária”.

Mais: “Durante meses, a explicação do que estava a ser feito à fonte e o carácter temporário da instalação da EPAL sobre a capital verde esteve presente no local”. Só quando a autarquia precisou daquele suporte, onde se encontrava o aviso, para assinalar um dos centros de vacinação em Lisboa é que a mensagem desapareceu. “Foi aí, depois disso, que começou a especulação nas redes”, lamenta a mesma fonte.

A Fonte dos Anjinhos é um bebedouro público que foi instalado no Rossio — que, tecnicamente, se chama Praça Dom Pedro IV e é das mais conhecidas da baixa de Lisboa — na segunda metade do século XIX. Segundo uma explicação publicada na página de Facebook da CML, em 2016, é de origem francesa e foi produzida pela fundição A Durenne/Sommevoire.

Conclusão

A Fonte dos Anjinhos, um bebedouro histórico instalado no Rossio desde o século XIX, foi de facto retirada da praça, mas apenas para efeitos de restauro e manutenção, e será “devolvida” até ao fim do mês. Não houve, portanto, nenhuma “substituição”, apenas uma ocupação temporária daquele espaço com uma instalação referente à capital verde europeia.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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