É uma das provas mais espetaculares do atletismo. Com uma vara, os atletas elevam-se vários metros acima do solo, num voo que tem como objetivo ultrapassar uma outra vara colocada na horizontal. Incluída nos jogos olímpicos desde a primeira edição das Olimpíadas da era moderna (que decorreu em Atenas, em 1896), o salto com vara é um clássico. Na rede social Facebook, alguns utilizadores centraram atenções nesta disciplina olímpica, partilhando a foto de uma alegada atleta transsexual russa, que estaria em prova nos Jogos Olímpicos de Paris, que decorreram de 26 de julho a 11 de agosto.

“Salto com duas varas. Ele sente-se uma mulher. FDP! Vergonha mundial, as Olimpíadas da França”, escreve um dos utilizadores, fazendo acompanhar esta descrição da imagem em que se vê uma atleta russa, aparentemente com órgãos genitais masculinos, a realizar o salto.

No entanto, a imagem em causa não é verdadeira e foi alterada. A fotografia original não foi tirada nos Jogos Olímpicos de Paris, mas sim nos Campeonatos do Mundo de Atletismo de 2013, que decorreram em Moscovo, na Rússia. Consultando a foto original, neste artigo do jornal South China Morning Post, rapidamente se confirma que a imagem que agora circula foi manipulada.

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A jogar em casa naquela competição, Yelena Isinbayeva é por muitos considerada a melhor atleta da modalidade da história. Com uma longa carreira, a russa ganhou duas vezes a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (de Atenas, em 2004, e de Pequim, e 2008) e três vezes a medalha de ouro em Campeonatos do Mundo de Atletismo. Para além disso, detém o atual recorde do mundo na modalidade: 5,06 metros, alcançados precisamente nos Mundiais de Atletismo de Zurique, em 2009.

A imagem também não poderia ser verdadeira por outra razão: a Rússia foi banida dos Jogos Olímpicos de Paris, devido à invasão da Ucrânia — embora os atletas russos, possam participar individualmente, ainda que compitam sem a bandeira nacional e sem o hino do seu país.

Há ainda um pormenor curioso relacionado com a deturpação desta imagem. Seria muito pouco provável que Yelena Isinbayeva iniciasse um processo de mudança de sexo, uma vez que a atleta, de 42 anos, já assumiu posições homofóbicas e transfóbicas, apoiando uma lei anti-LGBT aprovada em 2013 e que visava, nas palavras do Kremlin, combater a “propaganda gay”. “Se permitirmos promover e fazer todas essas coisas na rua, temos muito medo da nossa nação, porque nos consideramos pessoas normais e padrão”, disse Isinbayeva, em inglês, numa conferência de imprensa.

“Tudo deve estar bem. Vem da história. Nunca tivemos nenhum problema, esses problemas na Rússia, e não queremos ter nenhum no futuro”, acrescentou, criticando ainda dois atletas suecos que desafiram a lei russa durante os Campeonatos.

Conclusão

A fotografia em causa foi manipulada e, por isso, não é verdadeira. A imagem original não foi captada nos Jogos Olímpicos de Paris mas sim nos Campeonatos do Mundo de Atletismo de 2013, em Moscovo, e retrata a atleta russa Yelena Isinbayeva.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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