“Atenção. Surgem as primeiras imagens da suposta detenção de Hillary Clinton, ocorrida há cinco anos”. É o texto que acompanha uma imagem que mostra uma mulher vestida de verde a ser arrastada por dois militares.
Ao procurar apenas pela imagem em questão, somos remetidos para uma imagem partilhada por vários meios de comunicação, como a NBC News, o Guardian e a Al Jazeera, que partilham uma fotografia de Shane T Mccoy, para a Reuters, na prisão de Guantánamo. A fotografia foi tirada em 2002 e ilustra uma pessoa detida pela Polícia Militar do Exército dos Estados Unidos a ser escoltada para a sua cela, na base naval de Gantánamo. Só há um problema fundamental no que diz respeito às publicações que agora partilham a mesma imagem: ao contrário do que se alega, as imagens não mostram qualquer sinal da presença de Hillary Clinton.
A imagem que está a circular agora nas redes sociais aparece com muito menor qualidade, mas tem semelhanças evidentes com a fotografia tirada por Shane T Mccoy em 2002, desde o posicionamento dos militares norte-americanos ao fundo da base naval, mas tem uma importante manipulação: no lugar do detido aparece uma imagem de Hillary Clinton, de costas para a câmara, vestida com um casaco verde.
Aliás, a fotografia de Hillary Clinton que é utilizada nesta manipulação foi também tirada pela Reuters em fevereiro de 2016. Na altura, a candidata à presidência dos Estados Unidos foi fotografada com o mesmo casaco verde a perder o equilíbrio e a ser agarrada (mas não por militares norte-americanos) durante a visita a um lar para antigos toxicodependentes, na Carolina do Sul.
Sem surpreender, nenhuma das biografias de Hillary Clinton indica que a ex-candidata presidencial tenha estado detida (na prisão de Guantánamo ou em qualquer prisão). Foi secretária de Estado dos Estados Unidos, de 2009 a 2013 e Primeira-Dama de 1993 a 2001, durante a presidência de Bill Clinton. Em 2016 venceu a nomeação dos Democratas para a Casa Branca, mas perdeu as eleições para Donald Trump.
Quanto à prisão de Guantánamo, poucas semanas antes de deixar o cargo de Secretária de Estado, Hillary Clinton enviou um memorando ao Presidente Barack Obama a pedir que a prisão fosse encerrada. Em 2002, a baía de Guantánamo recebeu os primeiros 20 detidos da “guerra contra o terrorismo“, depois do ataque de 11 de setembro em território norte-americano. Desde então, tem sido condenada pela ONU como sujeitando os prisioneiros a um tratamento “cruel e desumano“.
Conclusão
A imagem que aparenta mostrar Hillary Clinton a ser detida na prisão de Guantánamo é uma manipulação. Mistura duas imagens, uma fotografia de 2002 da prisão de Guantánamo e a detenção de um homem e uma fotografia de 2016 da então candidata presidencial Hillary Clinton, a ser agarrada quando estava a cair numa ação de campanha.
Não surpreende que as biografias da antiga Secretária de Estado e Primeira-Dama não incluam qualquer referência a uma detenção, quer em Guantánamo, quer em qualquer prisão.
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.