Várias publicações na rede social Facebook alegam que a Mpox — a doença causada pelo vírus Monkeypox e que é conhecida como varíola dos macacos — é uma doença nova e que a vacina contra a doença foi criada recentemente. “A OMS [Organização Mundial da Saúde] espera as Olimpíadas acabarem para declarar emergência mundial de Mpox, e por coincidência já tem uma vacina para uma doença nova. Que o governo acaba de comprar. E nós que somos negacionistas”, pode ler-se numa das publicações.
A infeção por Monkeypox foi identificada pela primeira vez em 1958, quando ocorreram dois surtos em colónias de macacos que se encontravam em cativeiro. Doze anos depois, em 1970, regista-se o primeiro caso humano: num bebé de nove meses, residente na República Democrática do Congo. Desde então, a doença tem sido notificada em diversas regiões da África Central e Ocidental e, nas últimas duas décadas, ocorreram surtos esporádicos noutras partes do mundo, nomeadamente nos Estados Unidos e na Europa.
Assim, fica claro que não se trata de uma doença nova. É verdade que houve um surto em 2022 na Europa e na América do Norte que concentrou a atenção da opinião pública e da comunidade científica internacional e um outro, mais recente, impulsionado por uma nova variante de monkeypox (mais transmissível), mas que ainda se mantém confinado essencialmente a África.
Mas será que a vacina contra a Mpox só foi criada agora, em 2024, mais de 50 anos do primeiro caso detetado em humanos? Antes de mais, é preciso referir que as vacinas contra a varíola, criadas nos anos 50 e 6o do século passado, garantem alguma proteção contra a Mpox, mas deixaram de ser administradas nos anos 80.
Mais recentemente, surgiram outras vacinas: uma delas é a JYNNEOS, produzida por uma farmacêutica dinamarquesa, e administrada em duas doses com o objetivo de prevenir o a doença. Foi aprovada nos EUA em agosto de 2022, poucos dias depois de o Departamento de Saúde dos EUA ter declarado emergência de saúde pública devido ao aumento acelerado de casos no país.
Há ainda outras duas vacinas referidas na página da OMS. Uma, a LC16 (fabricada no Japão), é a única aprovada em crianças. Outra é a ACAM2000, desenvolvida pela farmacêutica Acambis (entretanto comprada pela Sanofi) e aprovada em 2007.
Conclusão
A Mpox não é uma doença nova. O primeiro caso em humanos foi detetado em África em 1970. E as vacinas que têm como objetivo prevenir o desenvolvimento da doença também não foram desenvolvidas agora: foram aprovadas em 2007 e em 2022.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.