Esta semana está, para já, a ficar marcada pelo anúncio da Pfizer, farmacêutica norte-americana,  de que, em parceria com alemã BioNTech, terá chegado a uma vacina com 90% de eficácia. Este consórcio foi o primeiro a apresentar resultados de testes feitos em larga escala para obter a vacinação contra o novo coronavírus. No entanto, falta ainda uma autorização especial para a sua distribuição, que poderá chegar no final do mês, tal como noticiou o Observador, entre outros meios de comunicação social. Nesse sentido, surgiu uma publicação no passado dia 7 de novembro, com fotografias de pessoas a serem vacinadas, com a seguinte legenda: “No Peru, a vacinação contra a Covid-19 começou a ser obrigatória e quem se recusar a tomar será preso”. Chegou às 166  partilhas. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral diz que peruanos podem ser presos caso não se vacinem contra a Covid-19.

Estando a Pfizer na fila da frente para encontrar uma vacina contra a Covid-19, não é possível dizer, com factos sustentados, que um qualquer país esteja a obrigar a sua população a ser vacinada com algo que ainda nem sequer existe. O autor da publicação limita-se, portanto, a partilhar fotografias sem contexto, não sustentando a acusação que faz.

Por outro lado, recorrendo à ferramenta de verificação de imagens, Google Images, encontramos resultados que comprovam que estas imagens são verdadeiras. Foram publicadas no Facebook pelo Ministério da Saúde do Perú, a 28 de outubro deste ano, ainda que não contenham qualquer legenda. Ao fazer uma pesquisa na página daquele Ministério, mas também por notícias com a fotografia associada, é percetível que se trata de um caso de vacinação, mas para a difteria, doença que não surgia no país há 20 anos. Por exemplo, o jornal “RPP Notícias” informou na mesma altura que o ministro adjunto de Saúde Pública, Luis Suárez, pediu que todos os serviços de saúde a nível nacional estivessem em alerta epidemiológico para eventuais novos casos desta doença. Depois, também afirmou que a primeira medida é exercer a “vacinação de bloqueio” — vacinar todos aqueles que ainda não estão vacinados. Ora, a imagem que vemos na publicação original diz respeito a esta ação preventiva, que se iniciou no passado dia 27 de outubro.

Sobre se a vacinação contra a Covid-19 deve ser obrigatória quando surgir, Luís Suarez já veio a público dizer que não, no passado dia 20 de outubro. “A posição de agora, é que a vacina deve ser voluntária, mas com a responsabilidade social de saber  que, caso a tenhamos, não me estou só a proteger a mim, mas também à família e à comunidade”, comentou o governante ao jornal peruano, “Gestión”.

Dois dias depois, o Ministério da Saúde daquele país também veio esclarecer que “a obrigação do Estado é vacinar. Mas se as pessoas não quiserem vacinar-se, não se vacinam”, lê-se no comunicado, citando a ministra daquela pasta, Pilar Mazzetti. O governo garantiu ainda que não foi apresentada nenhuma proposta para que a vacina seja obrigatória.

Nessa altura, o governo do Peru estaria a negociar um acordo com o laboratório AstraZeneca, do Reino Unido, que estava a produzir uma vacina contra o novo coronavírus. Esse acordo acabou por cair porque os resultados eram insuficientes.

Conclusão

Não é verdade que o Peru esteja a prender os cidadãos que se recusem a tomar a vacina contra a Covid-19 porque, para já, ainda não existe.  Logo, não pode ser obrigatória. A fotografia da publicação viral diz respeito a uma ação preventiva por parte do governo peruano contra a doença da difteria, depois de ter surgido o primeiro caso após 20 anos. Ministério da Saúde do Peru já veio dizer que a vacina contra o novo coronavírus não será obrigatória.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

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