Uma publicação que refere o Observador teve vasta divulgação nas redes sociais. Na imagem, um suposto print screen de uma notícia publicada pelo jornal, lê-se: “Grupo de ciganos ‘invade’ Urgências do Hospital de Famalicão e provoca três feridos”. Parece real, mas não é.

A publicação refere-se ao Observador e o utilizador escreve até “notícias sem tabus, simples”, mas a imagem que partilha é manipulada. No dia 22 de fevereiro, o Observador publicou uma notícia a que teve acesso através do feed da Agência Lusa e que dava conta de um grupo de cerca de 10 pessoas que tinha entrado, nessa madrugada, nas Urgências do Hospital de Famalicão, tendo agredido um elemento da segurança e profissionais de saúde, provocando três feridos.

A notícia pode ser lida aqui e também pode verificar que o título não corresponde ao que consta nesta publicação. A notícia da Lusa foi publicada pelo Observador, que tem a possibilidade de fazer edições ao texto que chega da agência de notícias, sem que fossem feitas alterações (além de dois erros da correção de dois erros de edição, num “em” que faltava e no formato horário: a Lusa usa 03h30 e o Observador 3h30 — sendo que cada alteração a um artigo fica registada no backoffice a que os jornalistas do Observador têm acesso e, quando está em causa a edição de conteúdos já publicados, essas edições são mencionadas no final do texto que está acessível aos leitores).

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O título original era “Grupo invade Urgências do Hospital de Famalicão e provoca três feridos” e foi mantido tanto no formato longo (que é o que surge quando se abre a notícia) como no formato mais curto, limitado a 50 caracteres (que é o que aparece na homepage do jornal), usados pelo Observador. Foi também mantido o conteúdo, sem referências à origem étnica do grupo.

A mesma notícia da Lusa foi divulgada, nesse mesmo dia, por diversos órgãos de comunicação social do país também sem qualquer referência à etnia do grupo que esteve na origem deste acontecimento, como é possível verificar aqui ou aqui, por exemplo.

A imagem em causa é manipulada e é até possível ver uma assinatura (que em algumas publicações é apagada) por baixo do entradão da notícia, do lado direito. Muito sumido, aparece escrito “Sali L.” No Twitter foi possível encontrar um tweet de uma utilizadora com o mesmo nome com a partilha da mesma imagem.

Conclusão

É falso que o Observador tenha noticiado que foi um “grupo de ciganos” que “invadiu” as Urgências do Hospital de Famalicão a 22 de fevereiro. A publicação usa uma imagem do jornal que foi manipulada. A notícia original é da Lusa e o Observador manteve o título inicial, bem como o restante conteúdo da notícia, onde não é feita qualquer referência à etnia do grupo.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

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