Se uma imagem vale mais que mil palavras, uma “imagem detalhada da célula humana” nunca antes vista é capaz de valer milhões de caracteres. A 3 de agosto de 2022 surgiu uma publicação de Facebook com essa suposta imagem, alegando que não se trata de “uma pintura” e que estamos perante uma célula humana descoberta através “de radiografia, ressonância nuclear magnética e microscopia crioeletrónica”. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral partilha imagem de suposta célula humana. Trata-se de uma ilustração.

Apesar do texto poético, e até algo divino, o autor não partilha qualquer informação relevante que comprove que, de facto, estamos perante uma imagem detalhada de uma célula humana. Esta imagem não é recente. Circula nas redes sociais, pelo menos, desde 2021. Por outro lado, basta uma pesquisa por ferramentas de identificação de imagens como a Google Images para se perceber que, sim, estamos perante uma imagem digitalmente manipulada. Ou, neste caso, de uma ilustração digital. Foi feita por Russel Kightley e intitula-se de “Animal Cell on White” (Célula Animal em Branco).

Russel Kightley, no seu blogue, já tem vindo desmentir que estaremos perante “a imagem mais detalhada de uma célula humana”. “A minha antiga imagem digital de uma célula animal tornou-se viral, aumentando as visualizações do meu site de forma estratosférica. As publicações vêm com um texto falso. Esta imagem foi criada há 20 anos para um poster educacional para a BioCam”, refere.

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Kightley lembra, também, que publicações semelhantes àquela que é apresentada no post foram desmentidas e que este seu trabalho tem sido partilhado em vários meios credíveis”. “Já apareceu em vários sítios, está disponível para print e merchandising e uso licenciado. Queria que parecesse uma caixa de joias. As cores são arbitrárias. É de um animal generalizado, onde posso incluir o ser humano. Foi desenhado como uma ferramenta básica de ensino”, escreveu o autor da imagem.

Resta dizer que, de facto, o autor desta ilustração tem razão: estas publicações foram desmentidas por fact-checkers internacionais como o norte-americano Snopes. Todos alegaram que se trata de uma notícia falsa.

Conclusão

Não é verdade que tenha sido partilhada a “imagem mais detalhada de uma célula humana” no Facebook. Trata-se de uma ilustração digital antiga feita por um autor que desmentiu as várias alegações feitas. Este trabalho teve o objetivo de se transformar numa ferramenta de aprendizagem básica e pode ser comprada online.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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