“Se as eleições fossem hoje.” É este o mote de uma publicação que circula nas redes sociais e que chegou até a ser partilhada num grupo do Facebook de apoio a André Ventura. Um gráfico com uma sondagem revela que o partido Chega teria alcançado, numa recente sondagem, 12% das intenções de voto.

O PS surge em primeiro lugar, com 41,5%, seguido do PSD, com 23,4%, e o Chega aparece no terceiro lugar das intenções de voto. A publicação indica que socialistas e também o partido liderado por André Ventura são “os únicos a subir nas intenções de voto”, em comparação com o resultado obtido nas últimas legislativas.

A sondagem em análise dá ainda conta das supostas fontes dos dados descritos: o Politico, jornal norte-americano que cobre temas relacionados com a política a nível nacional e internacional, mas também a Rádio Renascença.

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Verificando os dados destes dois órgãos de comunicação social, é possível concluir que a publicação que circula, e que alega que o Chega obtém 12% das intenções de voto, caso as eleições “fossem hoje”, é falsa.

Comecemos pelo Politico, que possui uma base de dados com sondagens dos vários países europeus. No caso de Portugal, só é possível encontrar registos de intenções de voto datadas de 30 de janeiro de 2022 — precisamente o dia das eleições legislativas. O site dá conta de que, nesse dia, o PS obtém cerca de z42% dos votos, seguido do PSD, com sensivelmente 28%, e o Chega, com pouco mais de 7%, fecha o pódio. Surgem depois Iniciativa Liberal (IL), Bloco de Esquerda (BE), PCP, PAN, CDS-PP e Livre.

Na prática, os dados partilhados dizem respeito precisamente aos resultados oficiais obtidos pelos diferentes partidos na noite eleitoral de 30 de janeiro. Quer isto dizer que não há nenhuma informação neste jornal norte-americano que se assemelhe à que está a ser vinculada no post em análise.

Já a Rádio Renascença dispõe de informação mais recente. Com base num agregador de sondagens, que segue o método adotado pelo projeto POPSTAR, a rádio portuguesa dá conta dos seguintes resultados: PS (39,68%), PSD (29,57%), IL (6,67%), Chega (5,95), BE (4,48%), CDU (4,37%), Livre (2,3%), CDS (1,44%), PAN (1,34%).

Na análise desses dados, datados de 17 de fevereiro, é possível concluir que não só mostram números diferentes dos indicados na imagem que circula como revelam exatamente a tendência contrária: de acordo com os números da Renascença, o Chega observa uma diminuição na percentagem de intenções de voto — desceria dos 7,18%, obtidos nas legislativas, para os 5,95%.

À semelhança do partido de André Ventura, também o PS regista uma queda — se nas legislativas de janeiro os socialistas obtiveram 41,37% dos votos, a sondagem relativa a fevereiro indica que o partido não iria além dos 39,68% das intenções de voto, de acordo com a sondagem da Renascença.

Quanto às restantes forças políticas, e tendo por base a mesma agregadora de sondagens, apenas o PSD, a Iniciativa Liberal, a CDU (ainda que de forma muito residual) e ainda o Livre beneficiariam de uma subida nas intenções de voto, relativamente aos resultados obtidos nas últimas eleições.

Conclusão

Não é verdade que existam sondagens realizadas depois das eleições legislativas que indiquem que o Chega, como terceira força política, reuniria 12% das intenções de voto — mais cerca de cinco pontos percentuais do que conseguiu obter a 30 de janeiro.

A imagem com um gráfico, que circula nas redes sociais, apresenta, por isso, informações erradas. As supostas fontes destes dados são o Politico e a Rádio Renascença. Em relação ao primeiro, não existem no site dados posteriores a 30 de janeiro. Quanto à rádio, os dados de que dispõe não correspondem àqueles que são refletidos na imagem em análise — os dados são por isso adulterados.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO 

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.

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