Uma publicação no Facebook alega que um vídeo demonstra que paraquedistas do Hamas, no ataque do passado dia 7 de outubro, desceram dos céus até alcançarem território israelita. Além das imagens, o vídeo vem exatamente com essa legenda. Foi publicado no passado dia 9 de outubro, depois do início dos tais ataques que vitimaram centenas de pessoas e que iniciaram uma nova fase na guerra entre Israel e Palestina. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral alega que vídeo mostra paraquedistas do Hamas a descer dos céus em Israel. É falso.

Ora, apenas olhando para o vídeo, e não recorrendo a nenhuma ferramenta de identificação de imagens, pode-se tirar logo duas conclusões: a primeira é que as imagens que vemos não têm nenhum elemento que pareça, à partida, pertencer a Israel. Depois, e apesar de as imagens do vídeo não apresentarem a melhor qualidade na definição, é no mínimo estranho que, estando um ataque a decorrer através do ar com paraquedistas, aquela região continue a sua vida normal. Basta ver que ninguém alarmado está de fora do edifício, nem nenhum automóvel parou a sua marcha por causa da descida dos paraquedistas. Ou seja, não se vislumbra qualquer sinal de pânico por parte da população presente. Mas isto são apenas pressupostos visuais que necessitam de factos para apurar a veracidade da publicação.

É por isso que o Observador recorreu a ferramentas de identificação de imagens como a Google Images ou mesmo o Google Maps, para perceber se estamos perante um vídeo que espelha o dramático e sangrento conflito. Por exemplo, se olharmos para a imagem do vídeo, onde se vê um edifício com uma bandeira ao alto, e a compararmos com as imagens da Academia Militar do Egito — comparação feita por outros fact-checkers — é possível dizer que estamos perante o mesmo edifício, naquilo que parece ser um exercício militar. É a primeira indicação que temos para dizer que este vídeo não foi feito na Palestina. A seguir, convém esclarecer que este vídeo já estava a circular noutras redes sociais, como o Tik-Tok, ainda antes de o Hamas ter iniciado o seu ataque e que logo no dia 8 de outubro já estava a ser desmentido no X (antigo Twitter).

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Depois, numa pesquisa por notícias sobre o tema, e tendo em conta o fluxo de informação — e de informação falsa ou enganadora — que tem sido partilhada nos últimos dias, é importante dizer que não é possível encontrar nenhuma notícia credível que confirme que este vídeo pertence a paraquedistas do Hamas. E, sim, é verdade que o grupo considerado terrorista por países como os Estados Unidos atacaram Israel de várias formas, pelo ar, terra e mar.

Aliás, as imagens de um dos momentos do ataque realizado pelos terroristas do Hamas mostram um grupo de combatentes a descer de paraquedas sobre o espaço onde decorria o festival Universo Paralello. Essa ação em concreto fez pelo menos 260 mortos.

Mas isso não quer dizer que as imagens que vemos na publicação original pertençam a este episódio sangrento. Também não é possível encontrar qualquer resultado sobre esta alegada notícia no site do jornal referido pela publicação, o brasileiro Metrópoles, quando se colocam as palavras “paraquedistas” e “Hamas”.

Conclusão

Não existe nenhuma prova credível que indique que o vídeo partilhado seja de paraquedistas do Hamas a aterrar em Israel. Apesar do ataque violento daquele grupo palestiniano sob território irsaelita, que já fez centenas de mortos desde o dia 7 de outubro, a veracidade do vídeo foi desmentida várias vezes por outros fact-checkers. O Observador confirmou que este vídeo já estava a circular nas redes sociais antes do início do ataque do Hamas. As imagens verificadas indicam que se tratava de um exercício que decorreu no Egito.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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