A imagem mostra uma série de autocarros em fila na zona de Santos e foi publicada num grupo da rede social Facebook que se chama Mobilizar o Seixal – Fazer Melhor. Por cima da imagem, o autor da publicação, feita a 24 de outubro, pergunta ao leitor: “Quantos autocarros estão na foto da Câmara Municipal do Seixal? Ontem na manifestação da CGTP, mais uma vez, a Câmara do Seixal disponibiliza meios públicos a favor do Sindicato”.
O Observador contactou a CGTP para perceber se, de facto, neste dia houve o evento descrito. A resposta chegou em nome da direção nacional do STAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional que, com o STML – Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, organizou, de facto, uma iniciativa neste dia 23 de outubro, com ponto de encontro na Rua Braancamp e deslocação até à Assembleia da República.
Uma ação que, explicam, “reuniu várias centenas de trabalhadores oriundos de diversas regiões” e que visou “reafirmar a exigência de aumentos salariais, com um mínimo de 90 euros para todos os trabalhadores, a regulamentação do suplemento de insalubridade penosidade e risco, a reformulação da tabela remuneratória única e a garantia do pagamento das indemnizações por acidentes de trabalho.
Por isso, avança o sindicato, “como é hábito, o STAL, por intermédio das suas direções regionais, solicitou às autarquias a cedência de transportes para a deslocação de trabalhadores para a referida iniciativa”. O pedido foi efetuado pela Direção Regional de Setúbal/Comissão Sindical, que enviou um ofício à Câmara Municipal do Seixal (CMS).
“A resposta foi positiva, como vem sendo prática, e estranho seria que assim não fosse, i.e., que a estrutura mais representativa dos trabalhadores da autarquia fosse excluída desse tipo de apoio, que é prestado, e bem, a inúmeras entidades e organizações sociais, conforme aliás prevê o regulamento municipal”, lê-se na resposta.
Nas contas dos sindicatos, a ação reuniu várias centenas de trabalhadores oriundos de diversas regiões. E, “como é hábito, o STAL, por intermédio das suas direções regionais, solicitou às autarquias a cedência de transportes para a deslocação de trabalhadores para a referida iniciativa. No caso em apreço, o pedido foi efetuado pela Direção Regional de Setúbal/Comissão Sindical, que enviou um ofício à C.M. Seixal”, acrescenta.
Já fonte oficial da Câmara do Seixal respondeu ao Observador que, “de acordo com a disponibilidade” da frota de autocarros do município, “esta pode ser cedida quando solicitada por associações legalmente constituídas, que tenham a sua sede ou delegação no concelho do Seixal. Falamos de estabelecimentos de ensino, órgãos autárquicos, instituições públicas e particulares de solidariedade social e outras instituições que prossigam fins sociais”, lê-se na resposta.
O pedido de cedência de três autocarros, para transportar os trabalhadores que quisessem participar na Marcha Nacional, foi, assim, solicitado à autarquia pela STAL e pela CGTP.
A imagem da publicação, no entanto, e segundo uma fonte da Câmara do Seixal, não corresponderá a esse dia, mas sim a uma manifestação que terá ocorrido “há já anos”. A mesma fonte autárquica não conseguiu, no entanto, especificar em que momento a imagem teria sido recolhida. Uma tese que não vinga, uma vez que, na imagem em questão, é visível uma ciclovia cuja obra só foi terminada em agosto de 2020, segundo confirmou o Observador junto da Câmara Municipal de Lisboa.
Posta esta dúvida, o Observador contactou também a PSP que confirmou que, de facto, nesse dia, os autocarros dessa manifestação foram ali estacionados. No entanto, essa também é a prática de outras manifestações que ocorreram desde agosto até outubro.
Conclusão
É verdade que a autarquia cedeu autocarros à STAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, que integra a CGTP, para os trabalhadores do Seixal se deslocarem a Lisboa para a manifestação de 23 de outubro que decorreu na zona do Marquês até Belém, como a própria admite. E mesmo que possam ser levantadas dúvidas sobre se a imagem foi captada no dia 23 de outubro — até porque nenhuma das entidades contactadas pode atestar que a imagem corresponde aos autocarros usados naquela data — certo é que tanto a autarquia como o sindicato assumem esta colaboração como algo habitual. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
CERTO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
VERDADEIRO: conteúdos que não contenham informações incorretas ou enganosas.
Nota: Este fact-check foi alterado depois de um leitor ter chamado à atenção para o facto de a imagem que acompanha a publicação não poder ser de há “anos” porque a ciclovia no local, em Santos (e não Alcântara, como erradamente foi avançado), só foi terminada este ano de 2020. Pedimos desculpa pelo lapso.