Quer um guia quando vai ao supermercado? Use o Nutri-Score |
É de conhecimento comum que os alimentos processados são menos saudáveis do que os alimentos reais, estando associados a riscos para a saúde. A categoria de alimentos processados refere-se a alimentos que sofreram algum tipo de manipulação — seja corte ou congelamento, mistura de dois ou três ingredientes ou mesmo produtos altamente processados, com lista de ingredientes que parecem uma poção mágica. Por isso, não se pode colocar todos os produtos processados no mesmo saco. Para o consumidor conseguir fazer escolhas conscientes — quando, por exemplo, vai comprar um chocolate —, deve comparar produtos alimentares. Para isso é necessária uma boa literacia alimentar que permita uma interpretação dos rótulos nutricionais. |
De acordo com o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (2020), quarenta por cento dos portugueses tem dificuldade em interpretar rótulos nutricionais. Torna-se assim urgente encontrar uma solução. |
A criação e implementação do Nutri-Score começou em França em 2017 (a ideia nasceu da Santé Publique France, a autoridade nacional daquele país para a saúde pública) tendo-se seguido a adaptação por outros seis países do espaço europeu. Em Portugal já foi implementada por várias marcas, mas ainda não é transversal a todos os produtos alimentares, criando aqui uma lacuna na comparação dos produtos. Até ao final do ano, a Comissão Europeia deverá dar passos no sentido de legislar sobre a obrigatoriedade de utilização do sistema. |
A classificação Nutri-Score veio simplificar, permitindo uma leitura da qualidade nutricional do produto rápida. Com certeza já terá visto em algumas embalagens de produtos alimentares as letras A, B, C, D e E com cores que vão do verde ao encarnado. É o Nutri-Score. |
A cor verde está associada à letra A e indica, de uma forma decrescente, a frequência com que se deve consumir os alimentos. Assim, um alimento A será o mais saudável e deve ser consumido com bastante frequência, enquanto um alimento B, que será um verde mais claro, deve ter uma menor frequência. O alimento classificado com a letra E será o menos saudável e, portanto, apenas deverá ser consumido esporadicamente. |
Existe um cálculo, através de um algoritmo, que ajuda a perceber a classificação das cinco categorias. Estes são os critérios: |
- Valorização de
a) nutrientes como a fibra (privilegiando o que é integral)
b) percentagem de fruta
c) percentagem de vegetais
d) proteína (privilegiar os peixes gordos e carnes magras)
- Limitar
a) as calorias
b) as gorduras saturadas
c) o sal
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O Nutri-Score aplica-se a bebidas sem álcool e alimentos processados, e tem que estar na parte da frente do produto de forma visível. O sistema ajuda a identificar os alimentos mais saudáveis e aqueles que devemos comer esporadicamente, tornando-se assim uma ferramenta importante para nos ajudar a fazer compras mais terinformadas e a ter uma alimentação mais saudável — principalmente quando escolher alimentos processados. |
Uma pergunta frequente nas consultas: existe algum suplemento que ajude a fazer jejum intermitente? |
Sim, existe um suplemento que não interrompe o jejum e ao mesmo tempo permite obter energia para um bom funcionamento do corpo —em especial do cérebro. É especialmente utilizado quando ainda não há uma boa adaptação metabólica ao jejum e é necessário uma ajuda. Os triglicéridos de cadeia média (MCT) não necessitam de grande digestão, não fazem libertar insulina e são rapidamente utilizados sob a forma de corpos cetónicos, que são uma fonte de energia alternativa para o cérebro. Assim conseguimos manter uma clareza mental, concentração e bons níveis de energia, ao mesmo tempo não interrompemos o jejum. |
Verdadeiro ou falso? As grávidas devem ter uma alimentação sem hidratos de carbono. |
Falso. Durante a gravidez uma alimentação com baixo teor em hidratos de carbono aumenta o risco de o bebé vir a sofrer de deficiências no desenvolvimento neurológico. A alimentação da mãe durante a gravidez afeta o bom desenvolvimento do feto e por isso não é boa altura para se restringir um nutriente tão importante como o hidrato de carbono. Isto não significa que se aconselhe o consumo de açúcar ou farinhas refinadas, mas sim de hidratos de carbono de absorção lenta, acompanhados de fibra e gorduras boas que vão provocar uma baixa carga glicémica. |
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Escrito por de Tim Noakes, Jonno Proudfoot e Bridget Surtees, é um excelente livro de receitas, com muitas soluções para crianças e adolescentes, que vão desde ideias práticas para almoços de lancheira até refeições rápidas (e a confeção pode ficar a cargo dos adultos ou das crianças). E está separado por idades, o que facilita a consulta. As receitas têm por base o conceito de alimentação com baixo teor de hidratos de carbono, o que facilita muito a introdução destes receitas num ambiente familiar em que, possivelmente, pais e filhos têm necessidades nutricionais diferentes.
(ed. Little Brown Book Group) |
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Mariana Chaves é nutricionista clínica, autora do podcast Aprender a Comer, na Rádio Observador, e do livro Dieta Única (ed. Guerra e Paz, 2016) [ver o perfil completo]. |