Conta a lenda que, no templo do Jano, em Roma, as portas se encontravam fechadas durante os períodos de paz (o que só terá acontecido 2 vezes em oito séculos!), para que esta não pudesse escapar do seu interior.
Jano emprestou o nome ao mês de janeiro, e, coincidentemente, o seu primeiro dia é consagrado à Paz mundial. Daí que possa ser importante refletirmos sobre esta figura mitológica e dobrarmos os seus significados.
Ao transpomos novamente a porta de Jano, em direção a 2025, temos a responsabilidade de sermos vigilantes e olharmos de forma equidistante, tanto para a frente, como para trás.
Sempre fomos habituados a celebrar esta efeméride com os olhos postos no ano vindouro. As resoluções de ano novo, as passas que se comem com 12 desejos para os próximos 12 meses, a Esperança que o novo ano nos traga mais do que o anterior. Muitas vezes até, dependendo do curso que seguiu o ano que termina, chegamos a negá-lo e a agradecer que o mesmo esteja a chegar ao fim, procurando enterrar as mágoas, frustrações e tristezas que nos deixou.
Mas a atitude de quem Esperança (do verbo Esperançar) deveria ser mais inspirada pelo deus bifacial Jano. Porque quem Esperança sabe a importância de (re)parar e de (re)conhecer. E estas duas atitudes são, paradoxalmente, de passado e de futuro. Ambas sugerem que cuidemos bem dos acontecimentos transactos, para criarmos um futuro melhor que só trará sentido e propósito se bem conciliados com o passado.
É fechar bem a porta do templo, para que essa Paz interior não se escape, e concentrar em nós a certeza de que, só bem conciliados e cuidados, estamos em condições de cuidarmos dos outros e de sermos agentes de transformação no mundo, construindo diariamente a Paz que ambicionamos.
Um excelente ano 2025 para todos!