Por iniciativa do Partido Socialista, no passado dia nove de janeiro, a Assembleia da República debateu e aprovou uma iniciativa que permite ao Governo lançar o concurso para a Linha de Alta Velocidade e de fazer uma candidatura aos fundos comunitários para o seu financiamento.
Tive o gosto de participar nesse debate, como tenho participado em quase todos os que dizem respeito à ferrovia, por entender que se trata de um tema estruturante para o País.
O lançamento do concurso público internacional pelo Governo para a primeira fase do projeto da Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e o Porto no próximo dia dezoito de janeiro, é decisivo para a candidatura deste investimento aos fundos comunitários de 729 milhões de euros de financiamento afeto a Portugal no âmbito do “Mecanismo Interligar a Europa” que termina no final deste mês.
São 729 milhões de euros de fundos europeus!
Bruxelas confirmou recentemente que Portugal perderá fundos europeus para a construção do troço Porto-Oiã e do troço Oiã-Soure, num investimento estimado a preços atuais de cerca de 3,5 mil milhões de euros, se o primeiro concurso não avançar até ao próximo dia dezoito de janeiro!
Naturalmente, o PSD e o seu líder não se têm mostrado nada preocupados. Nunca estiveram!
Em tempos Durão Barroso desistiu do projeto. Depois Manuela Ferreira Leite afirmou “Sendo Governo, riscarei imediatamente o TGV” para, a seguir, Pedro Passos Coelho rematar “O projeto do TGV está arrumado”!
Luís Montenegro tem seguido a mesma linha!
No dia deste debate, à pressa e atabalhoadamente, lá veio dizer alguma coisa de diferente. Mas, na verdade, o que disse durante semanas foi “O País deve adiar a decisão” e “Deve ser o próximo Governo a decidir”.
Ou seja, para não perdermos 729 milhões de euros de fundos comunitários para a Linha de Alta Velocidade, o Governo tem de lançar o concurso até ao dia dezoito de janeiro.
Temos eleições legislativas a dez de março e o líder da AD diz que o melhor é adiar a decisão e ser o próximo Governo a decidir – quando já não houver fundos comunitários assegurados.
Tudo em coerência, portanto, porque a ferrovia e a Linha de Alta Velocidade sempre foram maltratadas pelo PSD.
Luís Montenegro transforma a sigla da AD em “Adiar Decisão”!
É assim no novo Aeroporto de Lisboa e é assim na Linha de Alta Velocidade. Investimentos estruturantes que o País necessita, que tem discutido durante décadas e o que a nova AD tem para propor é adiar a decisão.
Ora, o País precisa de quem tenha coragem para tomar decisões.
Este é um projeto fundamental para Portugal e, felizmente, o Governo do Partido Socialista, pela mão do então Ministro Pedro Nuno Santos, fez este caminho nos últimos anos e está agora em condições de lançar o concurso e de concretizar a candidatura aos fundos comunitários para garantir 729 milhões de euros para a Linha de Alta Velocidade.
Se assim não fosse, o PSD e a nova AD o que teriam para propor ao País era fazer um grupo de trabalho, estudar o assunto e adiar a decisão mais uns anos ou mais umas décadas.
Não há nada pior do que não ser capaz de decidir!