Uma das principais características dos sucessos dos governos, é a excelência na sua comunicação com os cidadãos e os seus parceiros parlamentares. Para além da governança e dos planos para se conseguir implementar o “ caderno de encargos” que foi levado a votação, saber comunicar não é nenhum segredo fechado a sete chaves.
A comunicação na governação é uma ciência à qual se deve dar mais atenção e implementar verdadeiramente.
Para dissipar algumas possíveis questões, a má experiência do governo socialista deixa algumas pistas para que o novo governo não ceda à tentação do silêncio na gestão de crises, de uma resposta tardia ou mesmo a sua ausência.
Os casos e casinhos que assolaram o governo de António Costa não foram tratados de forma conveniente e correta. Deixou-se andar para ver o que acontecia e obviamente que dos vários factos que fomos conhecendo a má gestão da comunicação beneficiou claramente o crescimento exponencial do Chega.
Como forma de também não dar palco a André Ventura na sua berraria parlamentar do costume, é importante ser-se assertivo na forma como são geridas as possíveis crises.
Para tal é aconselhável que na dependência do próprio primeiro ministro, haja uma verdadeira articulação entre ministros e demais staff. Nada pode falhar agora.
A cada momento de crise a actuação deve ser imediata e não deve dar azo a possíveis ataques políticos insuflando assim alguns partidos mais à direita ou mais à esquerda.
Se , se poderá ser possível encontrar no novo governo situações pessoais discordantes com a actuação e função públicas quando detectáveis a ordem deve ser : “ acatar já “ e não deixar marinar a questão.
O que deu uma enorme vantagem ao Chega , foi o silêncio. Por essa razão, aquando do surgimento de questões políticas que interferem na pessoa pública, há que aprender com os erros socialistas, aliás , se há algo de positivo que António Costa nos deixou, foi exactamente como não fazer como António Costa fez. De facto, o ex primeiro ministro é um exemplo a não seguir em matéria de gestão de crise políticas quando esta envolve questões pessoais. Muito embora hoje o escrutínio seja rápido, por vezes demasiado rápido, há que controlar os danos políticos que daí podem advir.
Deve Luís Montenegro ter sempre por perto alguém que perceba do assunto. Comunicar decisões políticas com verdade material e factual e sempre que possível provar as diversas mentiras de Ventura, fazendo dissipar o partido e por consequência diminuir o seu peso político.
O polígrafo não pode ser o polígrafo a que nos habituamos. O verdadeiro, é e deve ser o polígrafo político e esse tem que partir de Montenegro e do seu gabinete de comunicação que tem hoje pela frente o mais duro combate político de sempre com alguns partidos que ao mínimo descuido aproveitam a seu favor qualquer facto duvidoso, espalhando a dúvida sobre os cidadãos que por si não procuram o que é certo e o que é errado.
É a política que não pode permitir mentiras nem casos, porque são elas as destruidoras da própria democracia.
A importância de uma boa comunicação aliada à verdade- o que em política tem um significado de enorme subjetividade- não está só no elemento político da questão, ela também deve ser uma ferramenta de aproximação do eleitor à política.
Portanto, Luís Montenegro pode, se assim quiser, fazer um bom trabalho político de acordo com o quadro parlamentar desenhado que resultou das eleições de 10 de março.
Esse bom trabalho passa em grande parte por uma boa comunicação, direta, limpa e em tempo útil que não dê qualquer margem de burburinho parlamentar e/ou a gritaria do costume que Ventura nos habitou.
Temos de facto agora um grande elefante na sala com o qual temos que lidar, mas politicamente, este paquiderme por regra não gosta de normalidade democrática, detesta a verdade dos factos e alimenta-se de factos políticos e ataques pessoais que se arrastam no tempo e põem de facto em causa a democracia e o sistema.
Combater este grande elefante, passa também por saber antecipar problemas, atacá-los de imediato, e, já agora, se não for pedir muito, que nos devolvam a verdade. Se nada for feito nesta matéria, arriscamos demasiado