Feito o anúncio do João Cotrim Figueiredo sobre a sua saída da liderança da Iniciativa Liberal, rapidamente se concluiu que as razões têm que estar ligadas a algum tipo de acontecimento oculto! Ora, no pensamento comum de um “Eleitor em Portugal”, um líder partidário abandonar num momento em que está em alta é algo que só pode ser justificável por uma qualquer desgraça pessoal, algum desentendimento partidário, ou alguma guerra de bastidores! E a razão é simples, nunca antes se viu ninguém largar o poder sem que as urnas ou uma qualquer guerra interna partidária o ditassem!

Neste caso não existiu qualquer derrota política, não existiu qualquer constrangimento interno que justificasse esta saída! Existiu apenas uma decisão lógica e racional de olhar para o futuro e ver o que é melhor para o Partido! Não existindo por parte do João Cotrim Figueiredo vontade de continuar na liderança para além de 2023, seria lógico dar espaço a que uma nova liderança pudesse consolidar o seu trabalho nos próximos dois anos, a caminho das eleições da Madeira e depois das Europeias.

Mesmo justificando, todos continuaram a dizer que teria que haver outra razão! Quem largaria um lugar de liderança e um papel de poder, sem que exista alguma razão para tal, que não apenas uma razão lógica! Tal nunca antes foi visto em Portugal, tal nunca antes foi visto pelos Eleitores em Portugal. Ora, os liberais dizem de peito aberto que são diferentes, que querem fazer política de maneira diferente, que querem estar na política de maneira diferente! Os restantes dizem que não… Não estão habituados a que assim seja, não estão confortáveis com que assim seja, não conseguem processar que assim seja. Talvez porque nunca tenham visto “assim ser”!

Na cabeça do Eleitor em Portugal, habituado a que os políticos o enganem, que lhe mintam, que lhe ocultem, habituado a ver truques, malabarismos e “jigajogas”, habituados a desconfiar sempre do que quer que venha da política e dos políticos, é normal que não acredite na mais pura das razões. A decisão do João Cotrim Figueiredo é a melhor para o Partido. É aquela que garante tempo de trabalho à próxima Comissão Executiva para enfrentar os actos eleitorais que se avizinham, com trabalho apresentado e consolidado junto dos eleitores! É aquela que permite que os Liberais escolham um projeto ambicioso, que pode e tem tempo para ser colocado no terreno.

Experimentem perguntar a um Eleitor na Holanda ou na Irlanda, se acham estranha a justificação dada, e se duvidam das razões apresentadas? Se tivesse que adivinhar, diria que nenhum estranhou ou vai alguma vez estranhar.

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