Os acontecimentos nos últimos anos na comunidade portuguesa no Luxemburgo representam a humilhação do nosso povo português no que diz respeito às oportunidades de ascensão social na sociedade luxemburguesa, baseada unicamente numa argumentação racial que impede os portugueses de obter uma educação normal para as crianças e aos adultos de participar de forma cívica e democrática na sociedade Luxemburguesa.

Num país que se diz imbuído da paridade do espírito europeu, é difícil compreender como é chumbada a possibilidade de votar nas eleições luxemburguesas, de aceder à educação normal e de obter empregos de nível superior, unicamente pelo facto de ser imigrante português.

O silêncio e indiferença das entidades portuguesas quanto a este e outros assuntos que impedem a evolução e ascensão social dos portugueses parece indicar ser este um fator de menor importância para o atual Presidente da República e o para Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

Na área da educação, a discriminação é notória no Luxemburgo. A maioria das crianças  de origem portuguesa é “empurrada” para o ensino técnico, com poucas possibilidades de aceder ao ensino superior.

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Após uma entrevista às crianças portuguesas de 12 anos, por uma equipa vocacional luxemburguesa, as crianças portuguesas são quase obrigadas a seguir para o ensino técnico e muitas outras, que não dominam a língua alemã, têm de viajar todos os dias, durante horas, para a Bélgica e regressar novamente ao Luxemburgo, por só entenderem as aulas lecionadas em francês.

Ao longo da História tem sido sempre recusado qualquer projeto educativo português naquele país, chegando até por uma vez a ser chumbada em discussão na Assembleia da República Luxemburguesa a criação de um colégio português que detinha no seu currículo o ensino da língua alemã e do dialeto luxemburguês desde tenra idade, tal e qual como existe para os cidadãos luxemburgueses.

No Luxemburgo os bons empregos naquela sociedade são obtidos por quem tem o domínio da língua alemã, havendo a secundarização da comunidade portuguesa baseada unicamente na nacionalidade e origem do cidadão.

O bloqueamento da participação dos portugueses na democracia luxemburguesa é mais um muro levantado neste país que se diz moderno na Europa Central mas que anda ultimamente a ser badalado por não cumprir regras do mercado financeiro e que agora não parece aderir às regras normais da maioria das democracias com espírito europeu.

É curioso que nem um secretário de estado das Comunidades, nem um assessor do Presidente da República português comentem esta situação junto dos parceiros europeus. A submissão a que já nos habituaram junto de outros países da Europa é uma imagem de marca dos responsáveis políticos portugueses, que se junta à imagem elitista dos políticos luxemburgueses e a uma pequena parte da sociedade luxemburguesa.

O povo caboverdiano passou recentemente também a ser alvo desta discriminação, tendo sido escolhido pelos luxemburgueses para se tornar a nova “mão de obra barata” do Luxemburgo, uma vez que falam a língua portuguesa, tal como 20% da população de origem portuguesa, residente no Luxemburgo, e professam também a mesma religião, não provocando desta forma desequilíbrios sociais na sociedade luxemburguesa que é uma sociedade muito católica mas que na sua prática de uma política inclusiva e cristã estão muito aquém daquilo que professam na doutrina. Será que também aqui o Papa Francisco não poderia ter uma intervenção?