Em 2013, durante uma profunda crise económica, Portugal iniciou a correção de uma injustiça histórica, permitindo que judeus expulsos séculos antes pudessem obter a cidadania portuguesa. Depois de meses de incerteza, foi ontem retirada uma proposta de alteração à lei da nacionalidade. Esta é uma boa notícia para Portugal. A ponte cultural e económica não se quebrou.

Passaram-se sete anos desde que o Parlamento português discutiu o tema dos judeus pela última vez. Em 2013, Portugal estava no auge de uma crise económica, uma das mais difíceis que já conheceu. O Parlamento aprovou uma série de leis, todas destinadas a atrair capital humano de qualidade para Portugal e, com ele, capital económico. Entre estas leis, encontrava-se a Lei da Cidadania Portuguesa, que permite que os judeus sefarditas, descendentes dos judeus expulsos de Portugal e Espanha, se tornem cidadãos portugueses. Nas palavras do legislador, o objetivo era reparar uma injustiça histórica com mais de 500 anos.

Nos últimos sete anos, a situação económica de Portugal melhorou miraculosamente, passando de uma taxa de desemprego de 16 para 8% (antes da pandemia). Milhares de milhões de euros foram investidos no país, como parte de programas de incentivo para investidores estrangeiros (Golden Visa, Regime Jurídico dos Fundos de Investimento Imobiliário, Programa Regressar). O Portugal de 2020 não é o Portugal de 2013.  Embora a economia ainda não esteja perfeita, Portugal descobriu a fórmula para atrair investidores estrangeiros que contribuem bastante para a economia local (escolhido nos últimos dois anos como destino atraente para o turismo e o investimento imobiliário na Europa por revistas como a Forbes).

Segundo dados do Parlamento (de 30 de abril deste ano), à luz da lei de cidadania portuguesa para judeus sefarditas, nos últimos cinco anos, cerca de 102 mil pedidos de cidadania foram apresentados por judeus e cerca de 20 mil já se tornaram cidadãos portugueses. Os judeus trouxeram consigo turismo e o regresso de uma cultura judaica local que quase desapareceu durante 500 anos. Até há cinco anos, os judeus em Portugal eram poucos milhares. Depois de 2013, deu-se um aumento exponencial. Na prática, os judeus trouxeram milhares de milhões de euros para a economia de Portugal, nos últimos cinco anos.

Graças a esta decisão, a comunidade judaica em Portugal continuará a crescer e a prosperar e com ela, Portugal também irá crescer e prosperar. Parabéns ao Parlamento português, que decidiu continuar a reconhecer a conexão histórica e a construir a ponte vital entre Portugal e os seus filhos judeus.

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