1 Não deixa de espantar a dificuldade exibida por Pedro Sánchez no lidar com a previsibilidade do erro. Nunca alcançando que os seus gestos politicamente mais relevantes trariam com eles não o voto ou a glória mas o anúncio do erro e da desvantagem, complexizando tudo ainda mais. O mestre do jogo desacertou em tudo na sua campanha eleitoral: que político é este capaz de tamanha amplitude – sísmica – de erro?

Qualquer observador leigo – não era preciso que fosse graduado da política – sabia ou antevia que estas eleições não serviriam para nada, desvirtuando a própria utilidade do acto eleitoral, reduzindo a zero a vantagem de o ter convocado mas prejudicando ao máximo o país e exasperado os seus habitantes; que as ambiguidades do poder central e as valsas não menos ambíguas de Sánchez face à questão catalã originariam factura pesadíssima; que a trasladação dos restos mortais de Franco seriam sempre vistos como o que foram: uma subido ao cume mais alto da demagogia com o cobiçoso olhar oportunisticamente posto na caça ao voto à sua esquerda (e para quê?); que os resultados das quartas eleições iriam enredar o novelo da insolubilidade e não soltá-lo, cavando mais o alçapão em que caiu a vida espanhola.

Há oito dias escrevendo aqui sobre o dom da “inspiração” classifiquei Pedro Sánchez como alguém politicamente muito “desinspirado” e a situação espanhola como “metendo medo”. Ficou pior: a acumulação do erro que advém da sua irresponsável e inútil repetição não pode senão obscurecer as mentes, turvar os olhares, impacientar os actores políticos, exasperar os eleitores.

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