António Costa, primeiro-ministro de Portugal, apelou para um aumento dos salários no sector privado em 20% durante os próximos cinco anos, o que se traduz num aumento anual de 5%, que parece razoável para combater o aumento da taxa de inflacção que se cifrou em 8% durante o mês de maio.

O que não parece razoável é a sua proposta de Orçamento de Estado que aponta para um aumento de salários na função pública de 0,9%, tendo por referência a taxa de inflacção de 2021 que se situou em 1%, ignorando a taxa actual e a previsão de novas subidas pelos efeitos colaterais da pandemia e da guerra.

O apelo de Costa traria consequências positivas nas receitas orçamentais, nomeadamente nas receitas da segurança social e em sede de IRS, uma vez que os aumentos levarão ao aumento de escalões na taxa de IRS, que muitas das vezes não se traduz num aumento real nos trabalhadores por via desse efeito.

Medida populista para o eleitorado? Palavras pronunciadas na comunicação social caem bem no povo ou na “arraia miúda“, como diz o Prof. Marcelo.

Assim, as contas não batem certo, como Costa exige, quando em simultâneo analisa a hipótese de, pelo mesmo salário, reduzir a semana de trabalho para quatro dias.

As empresas, com a carga fiscal existente, com pagamentos por conta antecipados, tributações autónomas acrescidas e preços de energia insustentáveis, fazem contas à vida e algumas delas ainda aproveitam a possibilidade do lay off, a fazer lembrar o desempregado assalariado do IEFP com mais rendimento líquido que um trabalhador normal.

É para levar a sério a proposta de António Costa?

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