A pouco mais de dois meses das eleições legislativas é inegável que a grande dúvida que permanece é apenas se António Costa governará com uma maioria absoluta do PS ou uma formada com o Bloco de Esquerda. Em contraponto – e acreditando nas sondagens mais recentes – o PSD prepara-se para ter o seu pior resultado de sempre, depois de ter sido acantonado à esquerda por Rui Rio e sem que o CDS de Assunção Cristas capitalize à custa do descalabro laranja.

Tudo indica que este resultado se deverá em grande medida à incapacidade mobilizadora dos partidos à direita para motivar os seus eleitores, resignados à realidade pós-2015 que permite ao PS governar com o apoio da extrema esquerda parlamentar – se dela necessitar – e tendo o PSD em bicos dos pés para se substituir a ela no apoio ao PS.

Uma coisa é certa: Após as eleições de 6 de Outubro, Costa será Primeiro-Ministro e terá como oposição um conjunto de deputados à imagem de Rio, escolhidos tendo em conta a estratégia “esquerdista” do líder de colagem ao PS e o ressentimento incompreensível a tudo o que tenha a ver com a liderança anterior. Por outro lado, o CDS terá um grupo parlamentar maior ou menor, mas que não deverá ser muito diferente do habitual. Fará o trabalho parlamentar a que nos acostumámos, tipicamente competente mas incapaz de crescer à custa do vazio de ideias do PSD, ou por erros estratégicos como o “caso” dos professores, ou pelas contradições internas de um partido que tenta ser simultaneamente democrata-cristão e liberal.

Se tivermos o azar dos Távoras de uma maioria absoluta do PS, ainda corremos o risco de ver a oposição no parlamento ser efetivamente liderada pelo Bloco de Esquerda e o debate político nacional se reduzir a uma discussão entre o “mata” e o “esfola”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Neste contexto, a utilidade do voto no PSD desaparece. Sendo necessário construir as raízes de uma oposição capaz de formar futuramente uma alternativa à governação socialista que tem sido dominante nos últimos 25 anos, este objectivo implica a eleição de deputados que tragam ideias novas para o debate político. Que defendam uma ruptura com a política do costume que transformou Portugal num país de baixo crescimento, altos impostos e com um governo refém de clientelas cujos interesses são os opostos aos da generalidade do país. Nos partidos a votos, só o Iniciativa Liberal tem propostas que dão corpo coerente a essa ruptura.

Portugal tem a 6 de Outubro uma oportunidade única para eleger deputados liberais de uma forma anteriormente impossível: com um partido liberal e sem um eleitorado histórico que lhe restringe as posições que pode tomar, sem o espectro do voto útil e sabendo que o PSD não será no parlamento uma verdadeira alternativa ao socialismo.

É certo que uma alternativa ao PS apenas será possível contando com o PSD. Mas este partido escolheu uma estratégia de colocar-se fora deste processo de construção e marginalizando os seus apoiantes e militantes que desejam um Portugal moderno e liberto de ideias feitas socialistas que nunca funcionaram nem vão funcionar. Até para que o espaço não socialista se renove, tanto no geriátrico PSD como no mais jovem, mas confundido, CDS, a eleição de deputados do IL é um catalisador. Para quem procura votar de forma útil numa eleição que à partida parece decidida, o voto no IL faz sentido.