Ainda estamos longe das eleições presidenciais, mas como isto não são castanhas, estamos igualmente no tempo delas. Candidatos não faltam para que se possa agradar a todos os quadrantes. Fala-se de uns que ainda não disseram nada (nem vão dizer coisa nenhuma) e fala-se de outros que ainda não se sabe se querem ou não. Para uns, depende das sondagens, para outros depende dos outros.
Mas há uma figura que muito se tem destacado que um dia disse: “ A democracia não precisa de militares“.
O que os Portugueses conhecem do Almirante que só Santana Lopes acha que o poderá derrotar, é a gestão da Pandemia. Mais nada se sabe deste militar que muitos acham – eu acho que não – que irá dar a sua camisola pela pátria.
O Almirante não tem partido conhecido.
Não se lhe conhece nada que seja politicamente relevante que não seja somente trabalhar com políticos e isso não faz com que ele o seja.
Mas é preciso ser-se ou ter-se histórico político para ser ocupar o mais cargo da nação? Legalmente não, mas na prática sim.
Duas razões, no meu modesto entendimento, que partilho com o prezado leitor para perceber porque razão o Almirante chegou a bom porto nas sondagens como presidenciável.
A primeira é que os Portugueses gostam de fardas, a segunda é que não percebem a importância, ou percebem e desvalorizam, a função de Presidente de República. Com todo o respeito, Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans obteve 122. 743 votos em 2021 e isto diz muito sobre o estado dos eleitores e a forma como a política os deixou.
Esta questão deriva de enorme falta de cultura política. Os resultados do partido Chega são o exemplo claro dessa falta e do conhecimento das funções e o nível de actuação da política.
O Almirante tem experiência militar e talvez a sua trajectória pela marinha portuguesa bem como o conhecimento adquirido por “mares nunca dantes navegado” é no entendimento de muitos o necessário para por pátria em ordem.
O que não sabemos é o que politicamente Almirante pensa.
Será importante para eleitores conhecerem o pensamento político dos candidatos ? Sim, porque só desta forma se consegue escolher com consciência. Um candidato sem história é uma irresponsabilidade política, é um tiro que se dá no escuro e dizer que há uma preocupação com estado social e com os mais desfavorecidos, não basta porque isso estamos todos.
Vamos ver o que já sabemos sobre os candidatos presidenciáveis dos quais se fala e que são referidos na última sondagem da Intercampus.
O barómetro coloca o chefe do Estado-Maior da Armada em primeiro lugar, com 23,2% das intenções de voto com cerca de dez pontos percentuais acima do segundo colocado, Pedro Passos Coelho,com 13,9%. Na lista surgem, depois, dois nomes de direita e dois de esquerda: Marques Mendes (9,8%), André Ventura (6,6%), seguidos de Mário Centeno (6,4%) e Ana Gomes (5,1%).
António José Seguro admitiu, recentemente, estar a ponderar entrar na corrida a Belém. Nesta sondagem, fica pouco atrás de Ana Gomes, com 4,7% das intenções de voto.
Nesta sondagem sabemos todos quem são e qual a sua posição política com exceção do presidenciável Gouveia e Melo que é aquele que obtém a mais elevada taxa de escolha.
Como sempre, esta amostragem vale o que vale, mas o que vale é que alguns deles ainda estão em reflexão e outros não vão dizer coisa nenhuma como é o caso de Pedro Passos Coelho.
A escolha e a eleição do Presidente da República é um factor político de grande importância na medida em que ele tanto pode ser o garante da estabilidade política como um um destabilizador do sistema.
Deve ter um elevado grau de conhecimento de como a política se manifesta e se processa para o garante cumprimento constitucional da ação governativa. É por essa razão que o PR exerce o poder de veto ou de promulgação. A forma como comunica com os cidadãos é o elo que o liga aos agentes políticos no exercício da magistratura de influência.
Portugal deve ao Almirante o sucesso da gestão material e efectiva da gestão da pandemia mas creio que o país nada mais deve ao Chefe do Estado-Maior da Armada. A popularidade de alguém não é sinónimo de competência. Que o diga André Ventura.