A Grande Polémica dos últimos tempos prendeu-se com a intervenção directa do “mayor” de Nova Iorque no processo em que Cristiano Ronaldo requisitava um galinheiro perto da Trump Tower, onde possui um apartamento e centenas de frangos. Após deliberar durante meia hora, o município decidiu atribuir-lhe um terreno vizinho à taxa mensal de vinte cêntimos por pé quadrado. Face às críticas de cidadãos anónimos e por isso desprezíveis, todas em volta do mote “também quero um galinheiro barato junto a casa”, o “mayor” explicou-se com mestria: a decisão não é uma “situação de excepção” (ocasionalmente, se os particulares pedirem com jeitinho, a City Hall dispensa-lhes pedaços da Quinta Avenida com propósitos avícolas). De resto, cito, “é melhor do que os galináceos do sr. Ronaldo andarem à solta na rua, a perturbar o trânsito e a higiene”.

Claro que é. E as vantagens não terminam aí. Felizmente, mesmo entre a populaça, houve vozes sensatas, que se lembraram de sublinhar os benefícios para Nova Iorque que as erráticas estadias do sr. Ronaldo implicam. Nas suas páginas nas “redes sociais”, frequentadas por dezenas de milhões, ele divulga lojas de bagels, quiosques de pretzels, galerias do SoHo e praias de Long Island. Em consequência, no mundo inteiro, gente que nunca ouvira falar de Manhattan e redondezas precipita-se para lá às manadas a fim de imitar o estilo de vida do sr. Ronaldo. Além do galinheiro, NYC deve-lhe uma estátua.

Por azar, no mundo real isto não passa de ficção. Os factos prendem-se com a cedência, pela câmara de Lisboa, de um vasto parque de estacionamento à cançonetista Madonna. O negócio, a preços para aí de 1932, irritou inúmeras almas. E a irritação destas irritou outras, que consideram a medida adequada à fama da cançonetista, a qual para cúmulo faz publicidade a casas de fado, aos pastéis de nata, a Sintra e ao Benfica. Ou seja, no mundo real a dona Madonna foi enxotada de uma mansão próxima ao Central Park após os vizinhos se fartarem do barulho. Em Lisboa, vê-se recebida de braços e pernas abertos. E, caso a senhora resolva guinchar, de ouvidos fechados. A troco de quê? Parece que do “prestígio”.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.