Que saudades tenho de ver um polícia.

Era uma figura agradável, que nos oferecia uma sensação de segurança e de tranquilidade nesta nossa vida do dia a dia.

Era um tempo com menos turistas, talvez de menor riqueza e seguramente de inferior excitação e, ainda assim, o polícia fazia-nos companhia e assegurava que o Estado olhava por nós.

Sempre que precisávamos de ajuda, havia um polícia por perto a quem perguntar.

Se alguma coisa corria mal, podíamo-nos queixar a um agente, e descansávamos pois alguém que nos garantia segurança cuidava de nós.

O trânsito também funcionava e até os taxistas obedeciam ao polícia, garantindo que não ficávamos parados numa rua porque alguém se lembrou de estacionar apenas para tomar um café, ou pela desculpa mais forte do mundo “estou a trabalhar”, quando apenas cinco metros depois havia um enorme lugar de estacionamento.

O polícia era uma instituição de respeito, de confiança e de segurança que hoje, com muita pena, deixei de ver.

Vieram uns políticos modernos com a ideia de que aquilo que precisávamos era de superesquadras.

Um sítio para juntar polícias onde os poderíamos encontrar, onde se mantêm todo o dia sem que ninguém os encontre e sem que perfaçam todas aquelas funções de que todos tanto necessitamos.

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Na verdade, onde está o polícia para nos ajudar a não ficar parados numa rua, ou para inibir o assaltante, ou mesmo para indicar o caminho a quem se encontra perdido sem saber o seu caminho?  Quanto mais o caminho da esquadra em que está o amável polícia que tanta falta nos faz.

E aumentou o turismo, que nos trouxe mais perdidos, que agora têm de se desembaraçar quando o GPS não é suficientemente explícito para lhe indicar o caminho, e que nos trouxe os “tuk tuk”, que não respeitam nada nem ninguém, param a todo o tempo e esperam os clientes onde não podem parar.

E vieram os TVDE, com todos os seus diferentes condutores, e se há aqueles que conhecem a nossa língua, o código das estradas e os caminhos para os destinos dos seus clientes, muitos outros há que não falam (nem inglês), não têm qualquer noção dos caminhos e desprezam os nossos códigos, fazem manobras perigosas, arriscam tudo o que supostamente não podem, deixam-nos os nervos em franja – e o polícia não está lá.

O carteirista está feliz e quem vende droga não tem medo pois o polícia na esquadra não lhe traz qualquer prejuízo.

O cheiro de droga, o cheiro da porcaria que por todos os lados aparece porque ninguém cumpre o que está estabelecido, também resulta da esquadra que nos protege da polícia e não nos protege do perigo.

Quem se lembra que existe uma lei que nos proíbe de andar sem roupa a cobrir o tronco nas ruas das nossas cidades, vilas e aldeias, quando não há um polícia que mande vestir quem anda desnudo.

Tenho saudades do polícia e da minha cidade bonita que tantos turistas atraiu porque era cuidada e simpática, segura e divertida, onde se passeava sem medo de ser atropelado nem medo de ser agredido pela oferta da droga ou pelo roubo da carteira.

Um polícia ao pé de nós, disponível e amigo daria ao nosso país um caminho mais amigo e sem dúvida nos tornaria, sem perder nada do turismo, mais Portugal no viver, no cuidar e no receber, agradando aos que cá vêm sem agredir os que cá vivem.

PS: pelos vistos, o problema é extensível aos serviços prisionais.