Recebi do candidato a Presidente da Câmara Municipal do Porto, Vladimiro Feliz, para o mandato autárquico de 2021-2025, dois convites muito honrosos e desafiantes – primeiro, o de coordenar o programa eleitoral com que o Partido Social Democrata se vai apresentar às eleições autárquicas do próximo dia 26 de setembro, para o Porto; depois, o de encabeçar a lista de candidatos à Assembleia Municipal.

Não tinha como não os aceitar por duas razões principais, de natureza complementar, a que acresce uma outra de natureza pessoal intrínseca:

Primeiro, pela minha Cidade, onde nasci e toda a vida vivi, com um pequeno interregno de cinco anos de experiência de vida anglo-saxónica, porque penso que o Porto precisa de mudança política, para uma liderança jovem, reformista, que sinta verdadeiramente, com visão de futuro, as grandes ameaças e os não menores desafios com que a Humanidade se confronta, e que nessa sensibilidade encontre e aplique as soluções necessárias para esse Porto de Bem-Estar que todos ambicionamos para os Portuenses.

Depois, por Portugal, na visão que tenho da relevância nacional da força autárquica, para as decisões certas na delicadíssima encruzilhada em que Portugal se encontra, o que exige, como nunca, a intervenção forte dos ideais da social-democracia com a força plena da sua matriz nacional.

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Ainda, e finalmente, importa-me dizer que também por mim, na disponibilidade e gosto que sempre tive, na minha já razoavelmente longa vida, de abraçar desafios, e têm sido muitos, que perceba como sendo de interesse público e em que acredito, mais ainda quando são urgentes como é inequivocamente o caso.

No seguimento, abordo de forma necessariamente sumária, esses dois propósitos principais que estão na base da minha candidatura: promover, hoje, a melhor liderança para o Porto do futuro; promover a relevância das ideias e da força da matriz social-democrata, na sua rede nacional, para ultrapassar a encruzilhada de um Portugal anestesiado.

A liderança, hoje, para o Porto do Futuro

Penso que está bem identificado o perfil de liderança política que melhor servirá o Porto para o próximo mandato autárquico.   

O Porto precisa de uma liderança jovem e reformista, capaz de ultrapassar as ameaças e de ganhar os desafios com que a Humanidade se confronta, que, sendo já de hoje, são uma urgência do amanhã – as ameaças ambientais e o desafio da sustentabilidade ambiental, económica e social, associados às oportunidades da revolução digital que todos temos de acompanhar e absorver em todas as nossas atividades. Falo, no essencial, da Revolução Digital Verde.

O Porto precisa de uma liderança humanista, de proximidade, que resolva os problemas sociais, nas múltiplas vertentes da dimensão social, tão potenciados e expostos pela vaga pandémica que nos atingiu e que ainda se manterá por um período significativo.

O Porto precisa de uma liderança que reconheça a relevância da Sociedade Civil para o Desenvolvimento Socioeconómico, criando condições para esse desenvolvimento social e económico harmonioso, sendo muito importante lembrar que o desenvolvimento económico é condição necessária para alcançarmos o (obviamente desejado) Bem-Estar Social.

O Porto precisa de um Líder com um passado Ético irrepreensível, com sensibilidade democrática, que ouça os Parceiros e a Cidade, que tenha a Tolerância Democrática como valor e, principalmente, que seja o garante da Liberdade, valor maior da História desta Cidade.

O Porto precisa de um Líder bem aceite, com um modelo de liderança que não seja unipessoal, antes apoiado numa equipa jovem, dinâmica, competente e empenhada, que represente a renovação geracional necessária para vencer os grandes combates do futuro.

É nesta visão de múltiplas exigências para a liderança da Cidade que percebo, sem hesitação, que Vladimiro Feliz e a sua equipa são a melhor escolha para assegurarmos esse futuro de adaptação aos tempos, com políticas transparentes e tão disruptivas quanto o necessário para alcançarmos a qualidade e o bem-estar que naturalmente todos ambicionamos para os Portuenses.

A encruzilhada de um Portugal anestesiado

É claro que as eleições autárquicas têm o seu foco na procura das melhores soluções para o desenvolvimento municipal e metropolitano, ou mesmo regional, visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos nas suas autarquias, mas, é, no entanto, de todo relevante perceber a dimensão nacional dos problemas e perceber que muito dificilmente se conseguem as melhores soluções locais sem uma visão e uma articulação, sem uma luta conjunta, em rede, a nível nacional.

Sou muito crítico da História de Portugal dos últimos (cerca de) 20 anos. Os Portugueses têm estado de alguma forma preocupantemente anestesiados, sendo claro que precisam de reagir. Nunca é, nunca será tarde para reagirmos:

Primeiro, anestesiados num ciclo até 2010, em que, sem uma perceção pública clara, que só começou a ganhar forma nos finais de 2010, vivemos uma louca política de desenvolvimento sem controlo de gastos e da corrupção, de que resultou uma trajetória de crescimento descontrolado da dívida externa líquida, bem como da dívida bruta das administrações públicas, que conduziu Portugal ao limite da bancarrota, salva in extremis pela intervenção externa, humilhante, solicitada pelo Governo da época.  Fase da História que, não sendo para desenvolver neste texto, importa recordar, porque a memória de alguns parece curta.

Depois, anestesiados num segundo ciclo até aos dias de hoje, numa outra fase muito difícil da vida nacional, que estamos a viver, num processo que classifico metaforicamente de “mexicanização”,  em que subitamente emergiram as evidências de interesses individuais e de grupos socioeconómicos a capturar, de forma crescente, instituições e negócios, com a consequência, factual, de prejuízos económicos e financeiros brutais, pagos por todos nós, com um arrefecimento visível da economia e com o aumento insustentável, sob todos os pontos de vista, da pobreza absoluta e da pobreza da classe média – políticas que têm feito Portugal convergir vertiginosamente para a cauda dos padrões europeus.

Só com uma ação nacional convergente, autónoma no plano autárquico, mas firmemente concertada pelos mesmos valores ideológicos, de equilíbrio entre o desenvolvimento económico da responsabilidade primeira da sociedade civil e a intervenção social em todas as suas vertentes, de defesa da liberdade e de luta contra a corrupção, nós poderemos sair deste pântano em que nos encontramos. Quiçá o mesmo pântano que levou António Guterres a sair, há 20 anos, nos primórdios deste século XXI, na sequência de eleições autárquicas.

Não será com grupos locais, quais defensores românticos da Aldeia Gaulesa de Albert Uderzo e René Goscinny, desenraizados de qualquer ação nacional, que o combate pela reforma de que Portugal necessita terá sucesso.   

É neste quadro de visão nacional da intervenção autárquica que a matriz social-democrata, na sua dimensão nacional, é vital para o nosso futuro coletivo.

Por maioria de razão, de perfil de liderança para objetivos locais e de visão de objetivos nacionais, é, pois, muito importante esse voto na candidatura social-democrata.

Enfim, aguardo serenamente, com muita expectativa e maior interesse, a decisão que as e os Portuenses vão tomar no dia 26, que espero seja favorável a esta visão reformista, necessária para retirar o Porto da estagnação em que se encontra e para ajudar a inverter a trajetória negativa de desenvolvimento de Portugal.

Pela minha parte e no respeito por essa decisão, trabalharei, na Assembleia Municipal, na defesa dos valores que são os do grupo político a que pertenço, bem vertidos no nosso Compromisso com os Portuenses, mas sempre no respeito democrático pelas opiniões dos restantes membros deste importante órgão, e sempre com o objetivo primeiro de encontrar caminhos que sirvam a vida dos Portuenses.