Apesar de não ter nascido em Portugal, como filho de português, com nacionalidade adquirida e morador local, também celebro as conquistas de Abril e considero muito importante refletirmos sobre a importância da Revolução dos Cravos, um dos eventos mais importantes da história de Portugal, já que libertou o país da ditadura mais longeva da história recente da Europa.
Quando pensamos no Século XX, percebemos que este foi um período marcado por ditaduras e por regimes autoritários, principalmente no continente europeu onde tivemos duas guerras mundiais e as piores ditaduras da história moderna, especificamente o nazismo alemão, o fascismo italiano e o estalinismo soviético, que deixaram marcas profundas na história da humanidade, sendo consideradas as piores do século XX. No entanto, apesar de não terem a mesma extensão que estas ditaduras possuíram, existem outras que também deixaram marcas, como o período do Estado Novo.
Sendo assim, quando pensamos neste período, temos de lembrar que o país foi governado por este regime político durante mais de quatro décadas, de 1933 a 1974, o que deixou marcas profundas na memória popular, já que o país era governado segundo a ideologia salazarista, modelo constituído pelo sistema de partido único onde a censura prévia anulava a liberdade de expressão, existia polícia política, perseguição política e isolamento económico.
Este é um período marcado pelo autoritarismo e pela ideologia de pensamento único o que faz com que os historiadores considerem o Estado Novo como uma ditadura, mesmo que não esteja ao mesmo nível dos regimes ditatoriais anteriormente mencionados. Sim, o salazarismo também é considerado um regime ditatorial e não existe “ditabranda”, existe ditadura e todas deixaram marcas na vida das pessoas. Além disso, no período do Estado Novo, o índice de analfabetismo era enorme, o país estava muito atrasado em relação aos países da Europa ocidental e havia muitos problemas sociais.
Com a Revolução dos Cravos, o país passou a ser uma democracia, tendo a sua constituição aprovada em 1976, o que garantiu a preservação dos valores democráticos e possibilitou a entrada do país na Comunidade Europeia que aconteceu no ano de 1986 e promoveu um grande desenvolvimento nas condições sociais, como por exemplo a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a democratização do ensino. Hoje, Portugal é considerado um país desenvolvido, conta com um IDH de padrão muito elevado, o que é legitimado pela boa qualidade de vida, e pela segurança do país.
Portanto, temos motivos de sobra para comemorar o 25 de Abril. Graças ao movimento liderado pelas Forças Armadas hoje existe liberdade de expressão, partidos políticos, eleições livres e todos podem ter os seus direitos e garantias preservadas. Assim, viva a Revolução dos Cravos, e que nunca venhamos a esquecer-nos dos valores de Abril para que possamos sempre lembrar a importância da democracia, deixando para reflexão, uma frase de Winston Churchill: “Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.”