Têm sido assim, os últimos anos têm sido sempre no sentido de enganar os incautos. Mas já lá irei. Antes gostaria de recuar um pouco e ir ao tempo pré-troika. Sim, porque ainda hoje se vai ouvindo que a culpa é do Passos, porque foi mais além do estipulado no memorando da troika. Bem sei que quem o diz talvez o faça com propósito de justificar o injustificável. Mais uma bancarrota alcançada por um governo PS. A de 2011, do Sócrates. Foi esse descalabro financeiro que obrigou à chamada da troika e consequente negociação, feita pelo PS, para recuperar a economia do país.

Falar do tempo de troika sem referir ao que lá nos levou é ser desonesto. A ajuda externa chega a Portugal por manifesta incompetência de um governo do Partido Socialista. Facto. O governo de Passos Coelho governa sobre tutoria externa, com limitações políticas enormes, tendo de cumprir o acordado no memorando. Facto. A recuperação económica dá-se bem antes do previsto devido ao “mais além” do governo de Passos. Facto. A coligação PAF vence as eleições de 2015. Facto. Pela primeira vez na democracia portuguesa um partido que perde as eleições forma governo com o apoio formal das forças de esquerda. Facto.

E assim chegámos a 2015. O início da geringonça, o início da narrativa do fim da austeridade, de que vêm aí os descongelamentos de carreiras, a recuperação de rendimentos, a retirada da sobretaxa. É o início do “damos tudo”. No entanto, é também o início das cativações, dos impostos indiretos, dos anos onde a carga fiscal é a mais alta de sempre fazendo com que todas as outras medidas se invertam. Enganem-se os tolos que acham que hoje o nosso poder de compra é maior que há 7 anos. Estamos piores! Nem o PRR será capaz de inverter esta situação se não houver coragem e medidas sustentáveis de crescimento económico.

Após estes anos de falaciosa recuperação das condições económicas dos portugueses, temos mais recentemente a moda dos Vouchers. Primeiro o IVAucher, depois o Autovaucher e a seguir sabemos lá que voucher teremos. SupermercadoVaucher?

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Estas são medidas que vêm no intuito de enganar os tolos, dando migalhas por um lado e retirando a proteína por outro.

Como se sabe o aumento dos combustíveis não tem apenas repercussões no bolso do cidadão comum, tem repercussões em toda a economia, nomeadamente a de logística e distribuição alimentar que vê aumentarem os seus custos e, por conseguinte, fazendo aumentar os bens de consumo. O que verdadeiramente interessa aos contribuintes.

Mas porque é que o Governo não baixa o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP)?

Porque baixando o ISP iria ter uma receita bem menor de imposto, porque essa medida atingiria todos. Com o Autovaucher consegue deixar de fora milhares pessoas que não sabem, não conseguem ou não têm meios para fazer a adesão através do site. (Precisa de ter e-mail, por exemplo).

Ora aqui está mais uma bela medida ilusória. Só quem fizer a adesão é que poderá aceder à esmola que o Governo, altruísta, nos dá! Tira a todos, o dinheiro é dos contribuintes, e dá apenas aos que aderirem! Que grande justiça. Estranho como é que há tão boa gente que vê esta medida como sendo a certa ao invés de exigir que António Costa cumpra aquilo que prometeu: Baixar o ISP quando o preço do petróleo aumentar.

Se quisermos ser racionais poderemos esperar outras formas mais justas de devolver aos portugueses o dinheiro que lhes é indevidamente cobrado através de um imposto (ISP). Mas não é este o modus operandi deste governo e a isso já nos devíamos ter habituado. Já lá vão quase 7 anos em que a ideia é asfixiar os portugueses e as empresas de impostos e a seguir anunciar uns programas (vouchers) onde é feita uma redistribuição junto de grupos que cumpram determinados requisitos, podendo deixar de fora mais ou menos cidadãos conforme a conveniência.

Com a retirada da sobretaxa, fiquei a pagar tudo mais caro desde 2016. Sobretudo o combustível que levou a que todos os outros bens de consumo sofressem por tabela e ficassem mais caros. Com a ilusão dos 50€ a mais na carteira, qualquer incauto ficava com a perceção errada de que tinha visto aumentar o seu poder de compra. Só que não. Triste é quando ninguém ataca estas medidas como sendo falaciosas. Concordo que de facto se deve fazer um caminho para a descarbonização, mas não à custa dos mesmos do costume, que em breve deixarão de poder circular em carro próprio. Os combustível fóssil estão a ser vilipendiados, para os outros não terão capacidade financeira para os adquirir, menos ainda para os manter. Mas sobre isto pouco se fala num país onde a agenda muda conforme o vento dos subsídios.