A hipertensão arterial é uma doença crónica em que é elevada a força do sangue contra as paredes das artérias. Ainda que habitualmente seja inicialmente assintomática, ou sem sintomas, esta pressão mantida no tempo pode ocasionar complicações graves em múltiplos órgãos e sistemas, desde problemas neurológicos, como os acidentes vasculares cerebrais, ou cardíacos, como os enfartes agudos do miocárdio e a insuficiência cardíaca, ou a insuficiência renal, entre muitos outros.
A Organização Mundial da Saúde estima que a hipertensão afeta mais de 1,13 mil milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, de acordo com um inquérito nacional de saúde realizado pelo Ministério da Saúde, em 2019, aproximadamente 27,9% dos portugueses com 18 anos ou mais têm hipertensão arterial, o que corresponde a mais de 2,8 milhões de pessoas no país.
De acordo com a mesma pesquisa, 69,2% dos hipertensos tinham conhecimento de sua condição e, entre os que tinham conhecimento, cerca de 85,4% estavam em tratamento farmacológico. No entanto, menos de um terço (30,8%) tinha a pressão arterial controlada.
Embora estes valores possam não ser necessariamente representativos de toda a população portuguesa, considero esta estatística alarmante, porque a hipertensão é uma das principais causas de morte prematura e de incapacidade, especialmente se considerarmos que é uma condição evitável e tratável.
É por tudo isto imperativo trabalhar para, por um lado, aumentar a sensibilização e a preocupação da população em relação a este tema e assim conseguir diagnosticar as pessoas que desconhecem estar doentes e, por outro, controlar adequadamente as que, com as medidas terapêuticas já aplicadas, ainda não estão em valores adequados.
Entre as múltiplas mudanças de estilo de vida para prevenir e tratar a hipertensão – controlar o peso, praticar exercício regularmente, reduzir a ingestão de sal e o consumo de álcool – e a panóplia de medicamentos disponíveis, é importante o médico desenhar um plano individualizado, que muitas vezes deverá ser multidisciplinar, incluindo outras especialidades médicas, nutricionistas e enfermeiros, para ajudar a pessoa a fazer escolhas saudáveis e ganhar anos de vida com qualidade e saúde.
Por tudo isto, o Hospital CUF Descobertas tem a tradição de assinalar o Dia Mundial da Hipertensão, que se comemora no dia 17 de Maio, com ações de sensibilização e prevenção gratuitas, abertas à população geral. Este ano com a participação de médicos internistas, cardiologistas, nutricionistas, enfermeiros e técnicos de exercício físico, esperam aconselhar sobre factores de risco cardiovascular e a sua prevenção, alimentação saudável e diferentes tipos de atividade física, adaptados a cada tipo de pessoa.
A hipertensão arterial afeta milhões de pessoas, pelo que considero que é inegável a importância de a prevenir e controlar de forma eficaz, de forma a se poder ganhar anos de vida com qualidade e livres de doenças. Se precisa de orientação e apoio para a adoção de hábitos saudáveis e monitorização da sua hipertensão, não hesite em procurar ajuda médica.