A pandemia Covid-19 tem tido um impacto muito significativo na diminuição dos níveis globais de atividade física. Por exemplo, dados de 30 milhões de utilizadores da marca Fitbit revelam que na passada semana, Portugal, Itália e Espanha foram os 3 países com maiores reduções na atividade física diária, atingindo valores de 25% nos dois primeiros e 38% no país vizinho.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já reforçou a importância do exercício físico, neste período tão crítico para a saúde, salientando que o comportamento sedentário e baixos índices de atividade física, poderão ter um impacto muito negativo, na saúde, bem-estar e qualidade de vida da população. A literatura evidencia que o exercício moderado reforça o sistema imunitário e a saúde mental, reduzindo em 20 a 30% a incidência de doenças infeciosas do aparelho respiratório. Neste sentido, a OMS lançou inclusivamente um guia com orientações para as pessoas se manterem ativas em casa, durante o período de quarentena, propondo estratégias como: fazer pequenos intervalos ativos durante o dia; acompanhar uma sessão de exercício online; levantar-se a cada 30 minutos (ou trabalhar numa secretária em pé); relaxar, realizando por exemplo meditação; seguir um programa de exercícios simples proposto, que não necessitem de equipamento, e realizar uma alimentação saudável. O programa de exercício, deve permitir acumular semanalmente 150 minutos de atividade moderada, 75 de atividade intensa, ou uma combinação de ambos. No entanto, esta organização também alerta para o fato de que este guia é dirigido a pessoas sem sintomas, ou diagnóstico de doença respiratória aguda, não devendo substituir o aconselhamento médico, na eventualidade de alguma condicionante clínica.
A questão que se levanta é se será seguro realizar exercício em casa. Aqui, podemos classificar a população em três grandes grupos: 1) aqueles que são fisicamente ativos e autónomos, capazes de planear e gerir o seu próprio programa de treino; 2) aqueles que são fisicamente ativos, mas não têm autonomia para organizar um programa de treino, seguro e eficaz; 3) aqueles que são inativos. Embora relativamente ao grupo 1 não se coloquem grandes questões, este representa uma minoria. Já o mesmo não se passa em relação aos grupos 2 e 3, para os quais a necessidade de aceder a um programa de treino devidamente adaptado e monitorizado, é condição para que o exercício seja efetivamente seguro. São muitas as opções que hoje se apresentam, para que à distância se consigam obter propostas de programas de treino, ou de aconselhamento e acompanhamento, no entanto, várias não são de origem suficientemente credível. Como saber a quem recorrer? a) Apenas seguir conteúdo online ou apps, de fontes fidedignas: publicados por profissionais de exercício certificados e credenciados, associações ou organizações internacionalmente reconhecidas; b) Aderir a um dos vários ginásios e health clubs que atualmente já oferecem prescrição e acompanhamento de treino à distância; c) Contratar um profissional certificado e credenciado, que faça prescrição e acompanhamento de treino à distância. Hoje a tecnologia permite amplamente, que se faça não presencialmente, um trabalho individualizado e rigorosamente monitorizado, oferecendo uma oportunidade adaptada e segura para fazer exercício! Ainda em relação ao 3º grupo, é aconselhável, que antes de iniciar o programa de treino, se faça uma aferição da prontidão para a prática de exercício (ex: questionário PAR-Q), despistando eventuais condicionantes. Por último, recordar que um programa de treino equilibrado, é composto obrigatoriamente por uma parte inicial de preparação para o movimento (vulgar aquecimento), uma parte fundamental do treino e uma parte final de retorno à calma.
Em suma: mantenha um estilo de vida saudável e ativo, realizando uma alimentação equilibrada, dormindo cerca de 7 a 8 horas por dia, realizando atividades domésticas que impliquem movimento e aumento do dispêndio energético, e cumprindo um programa de exercício regular, adaptado e preferencialmente devidamente monitorizado.