Está na altura de o Partido Comunista Português parar de se esconder atrás do passado de resistência para justificar credibilidade e legitimidade na defesa de regimes como o de Nicolás Maduro ou o de Vladimir Putin.
As eleições do passado fim de semana na Venezuela foram tudo menos democráticas, no entanto o Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP achou por bem enviar um comunicado de imprensa a felicitar a democracia vivida e a participação ativa dos cidadãos venezuelanos na eleição “livre”.
Não bastasse a justificação paupérrima dada para a não intervenção na Guerra da Ucrânia, o partido português continua a propagandear a legitimidade de comunicar sobre política externa que há muito deixou de ter. O PCP quis ainda repudiar as manobras de intervenção e ingerência que colocaram em causa as eleições venezuelanas. Ora, alguém tem de avisar o Dr. Paulo Raimundo que as mesmas pessoas que colocaram em causa estas eleições são as pessoas que os deputados do extremo mais à esquerda da Assembleia da República apoiam, defendem e legitimam para manterem o poder ditatorial que, neste momento, têm.
Já não basta defender que Portugal está alinhado com o ocidente para defender este tipo de regimes. Não basta nem nunca bastou. A Venezuela vive num regime corrupto e ditatorial e isto é um reconhecimento internacional. O controlo inequívoco das forças policiais e do Conselho Nacional de Eleições é um dado adquirido e como se não bastasse estes factos, os países que celebraram a vitória de Maduro falam por si: China, Irão, Cuba, Bolívia e Rússia.
Está na altura do PCP se atualizar em relação à política externa e entender que não se pode celebrar os 50 anos do 25 de abril e alguns meses depois celebrar a vitória de ditadores.”