Há uma diferença entre alergia e intolerância. No humano a primeira é mais grave, na política a gravidade é na segunda. Uma actividade onde há uma intolerância à esquerda é na produção florestal. Ainda há dias, no Expresso, Daniel Oliveira culpa o eucalipto pelos incêndios ou por parte deles. Quase que imaginamos um pequeno eucalipto a andar pegando fogo como nos antigos filmes da Disney.

A verdade não é bem assim, o eucalipto ordenado corresponde a não mais de 6% de área ardida sendo que 11% são de pinhal cuidado e 42% de matos. Ou seja, o que arde é o abandono. E o que menos arde é o eucalipto. Mas são pormenores que não interessam quando a “narrativa” não encaixa. E parece-me até perigoso atacar o eucalipto, lembro que sem ele não haveria livros, nem cadernos e – mais importante! – não fora um certo tipo de papel e o povo português não teria sobrevivido ao Covid…

Também é altura de lembrar o PAN, que está a preparar uma legislação que impeça as corridas de toiros, que onde há toiros não há fogos. E se acabarem as corridas acabam os toiros. É o célebre problema das borboletas.

Também os campos de golfe não ardem. E hoje é mais realista ter um campo de golfe no meio de um território do que esperar que haja hortas para resolver o problema das descontinuidades.

Também as culturas ditas “intensivas” não ardem pelo que são boas para criar zonas de descontinuidade.

Ter água acumulada altera não só o clima localmente, subindo o teor de humidade por via da evaporação, como constitui reservas que servem para criar perímetros de rega e para apoiar o combate aos incêndios. Quem tem feito guerra à construção de barragens devia vestir-se de branco e pedir perdão como Egas Moniz.

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Lá estou eu a baralhar as narrativas.

Um simples edifício, em função do número de ocupantes e do seu uso pode ter obrigação de ter um depósito de água, hidrantes e um gerador próprio. Se todas as aldeias isoladas possuíssem uma unidade destas os habitantes ficariam mais seguros e evitaríamos vê-los de balde a tentar apagar os fogos. O investimento custa menos que uma rotunda.

A segurança nacional e o bom senso deviam proibir as imagens televisivas dos incêndios e restringir-se à passagem de informação relevante. Como quando se está em guerra não há imagens que ajudem o inimigo, neste caso dos maluquinhos que se sentem compelidos pelas imagens.

Finalmente, devia a engenharia militar ser chamada à prevenção e também o exército chamado quanto mais não fosse à logística. É penoso ver os bombeiros estafados a dependerem da boa vontade da população para comerem e poderem beber água.