No início da semana o Spotify presenteou-me com uma enorme lista dos clássicos do rock português com a descrição: “os grandes do rock lusitano, reunidos numa playlist”, não resisti e carreguei no play.

Entre Sétima Legião e o seu hit “Noutro Lugar”, ou Xutos e Pontapés com os “Contentores”, os Resistência e o “Amanhã é sempre longe demais”, GNR com “Portugal na CEE”, no meio de Rádio Macau, Rui Veloso, Clã ou Variações, surgiu aleatoriamente Lena D´Água, o que me deixou particularmente deliciado, por duas razões: musicalidade estupenda e letra intemporal, que resume o Portugal de 2023 e a maioria socialista que nos governa. O que leva a crer que o “Demagogia” de 1982 é uma das músicas preferidas do nosso primeiro-ministro.

Os Atlântida começam os 3:41 minutos que dura este som, com os típicos sintetizadores, acompanhados por saxofone e de uma provocadora batida rock, até Lena D`Água começar com:

“Dão nas vistas em qualquer lugar,
jogando com as palavras como ninguém” 

Lembrei-me logo das viagens das três principais figuras da República Portuguesa ao Qatar para ver a seleção de futebol, num exercício de total aproveitamento dos jogos para autopromoção política, sobretudo de Augusto Santos Silva e António Costa e de outros dois membros do governo. Mas a música continua…

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“Aproveitam todo o espaço,
que lhes oferecem na rádio e nos jornais,
e falam com desembaraço,
como se fossem formados em falar demais”

Que dizer, quando o Primeiro-Ministro nos brindou com a entrevista do famoso: “habituem-se”. Em pose triunfal a fazer lembrar um qualquer chefe de Estado do antigamente, ou da forma como falou da sua oposição “os queques que guincham”. Num desempenho onde claramente falou de mais e usou do seu léxico mais baixo e acossado, para se rebaixar a si próprio e ao cargo que representa. Prossegue com:

“Têm nas mãos uma lata descomunal, prometem muito pão e muito vinho”

E foi exatamente o que o Partido Socialista deu aos portugueses: 125 euros em outubro e 240 euros em dezembro, mas depois nunca a carga fiscal foi tão dura e o fisco nunca foi tão cego com a fonte onde vai buscar o dinheiro. Exemplo mais latente, o “aumento” do salário de milhares de trabalhadores da administração pública, que foi engolido pela política fiscal socialista. Aumentaram salários para premeditadamente tirarem ainda mais a que já vive com tão pouco.

“São atacados de amnésia total 
Desde o último até ao primeiro
Vão-se curar em banquetes, numa social”

Um verdadeiro banquete social têm sido os escândalos associados a inúmeros membros do governo, durante o último ano e até à semana passada, saíram com estrondo treze membros do governo de Costa. Dois ministros fortes, Pedro Nuno Santos e Marta Temido, que tutelavam as pastas das infraestruturas e da saúde, assim como onze secretários de Estado, à cabeça, Alexandra Reis com os seus 500 mil a voar, e Miguel Alves, com o seu pavilhão transfronteiriço inexistente.

Como resposta a isto tudo, inventou-se um tal questionário, onde se percebeu que o PS nomeia para o governo, sem o mínimo de escrutínio. O pior é que estas 36 perguntas servem o propósito de retirar responsabilidade política ao Primeiro-Ministro, num inequívoco lavar de mãos enquanto decisor final de tudo isto, e no fundo é uma confissão de incapacidade. Mas que só serve para o futuro, blindando os actuais governantes, há alguma mais a esconder?

Costa a falar aos seus militantes, sobre o aproximar dos 50 anos do PS disse: “exige-nos que em cada momento sejamos muito mais exigentes connosco próprios, porque nunca devemos esquecer todos aqueles que temos de honrar e de respeitar”. Se não fossem palavras do responsável máximo deste pântano, podia meter piada, mas não mete nenhuma, porque nos menoriza a todos. Até que chega o refrão:

“Demagogia feita à maneira 
É como queijo numa ratoeira”

Claramente estamos já bem-apanhados na ratoeira socialista a lamber desse queijo bolorento que é este governo, sobretudo ficamos a perceber que para o PS somos somente uns ratinhos que andamos por aqui, como joguetes nas mãos deles, e tem-lhes servido totalmente à maneira.

Consequências? Muitas, é a República ao descaminho.

E lá prosseguiu o aleatório do Spotify com o “Vigaro cá, vigaro lá” …