“O Estado é a grande ficção através da qual todos tentam viver à custa uns dos outros”.
Esta frase de Frédéric Bastiat resume bem a natureza do Estado, sobretudo dos Estados como os conhecemos, mas introduz também a impossibilidade da paz social em que a democracia se sobrepõe à Liberdade.
Num país em que comummente se confunde democracia com Liberdade (e em que se chama “Dia da Liberdade” ao dia que, na aceção mais benevolente, abriu caminho à democracia) importa começar por diferenciar os conceitos. Friedrich Hayek (num excerto habitualmente deturpado pelos detratores da Liberdade e, no geral, também da democracia) deixa-nos uma distinção clara. A democracia tem mais a ver com a forma como as decisões públicas são tomadas, a Liberdade com a extensão das decisões que são passíveis de ser tomadas de forma democrática (ou seja, que saem do domínio da Liberdade individual).
Para um democrata incondicional todas as decisões são legítimas se tomadas de forma democrática. Para um Liberal, só devem ser tomadas de forma democrática as decisões que não possam ser deixadas à Liberdade individual.
Num Estado democrático e onde a vontade coletiva tem poderes ilimitados, é inevitável que todos tentem usar o poder em seu favor. Num país em que metade da população tem os rendimentos diretamente decididos pelo Estado (e pela vontade democrática) e a outra metade vê como possível e legítimo influenciar as decisões coletivas para daí obter vantagem na relação com os outros a paz social é impossível.
Bem pode o Governo distribuir prebendas por professores, médicos, polícias, enfermeiros e pensionistas. Bem pode aumentar o salário mínimo, comprar a comunicação social e agradar às corporações mais barulhentas.
A paz social só é possível em Liberdade. Numa sociedade em que as relações económicas sejam definidas livremente numa lógica em que todos procuram o próprio benefício, tendo para isso de colaborar entre si.
Não é por acaso que os comunistas dizem que “A luta continua”. A luta continua porque num sistema de democracia ilimitada a paz é impossível.