Longe de imaginar os desafios que estaríamos prestes a enfrentar em 2020, e já num cenário de pandemia mundial, fomos convidados a celebrar a sanidade vegetal. Perante um contexto em que, mais do que nunca, segurança foi palavra de ordem, o tema que ocupou todos os diálogos foi, incansavelmente, como poderemos continuar a comer de forma segura e suficiente, prevenindo a fome e reduzindo a pobreza, protegendo a saúde das plantas, da fauna, da flora, da nossa terra, do nosso planeta. As respostas chegam-nos todos os dias por várias vias, apresentam-se ao mundo de diferentes formas, e hoje, dois anos depois, perante uma catástrofe de guerra que assola as economias mundiais, sistemas e mercados, a Organização para as Nações Unidas volta a desafiar-nos à reflexão. Assinalamos em 2022, pela primeira vez, o Dia Internacional da Sanidade Vegetal, num contexto ímpar onde impera a questão: celebrar a vida, a saúde do planeta e a segurança do que comemos, é ou não, indiscutivelmente, celebrar o papel da ciência e tecnologia ao serviço do planeta?

A resposta é óbvia e os números não nos deixam mentir: segundo um relatório publicado recentemente pelo Eurostat, entre 2011 e 2020, 11 dos 16 estados-membros registaram uma redução muito expressiva nas vendas de produtos fitofarmacêuticos, tendo sindo Portugal o 2º país que mais reduziu o consumo destes produtos. A agricultura está a modernizar-se dia após dia, em prol de um planeta mais seguro e onde todos nos alimentamos de forma sustentável; a formação de profissionais e a sua capacitação para o uso de técnicas cada vez mais eficientes e avançadas é uma constante; e a sanidade vegetal caminha a par e passo com esta necessidade urgente de alimentar uma população que não vai parar de crescer. Ou seja, estamos todos juntos e inevitavelmente ligados num trabalho de defesa da vida na terra, dos ecossistemas, da nutrição e da segurança alimentar.

Mais do que sensibilizar para as vantagens globais que a proteção da saúde das plantas nos traz – tanto a nível de prevenção da fome como da proteção do planeta – é urgente o diálogo sobre a sanidade vegetal, reforçando a importância de um caminho que se faz a vários braços, mas num mesmo ritmo, em prol da segurança alimentar. Nesta data pioneira que hoje celebramos, é inevitável falar de investimento: um investimento em tecnologia, materiais, suporte e formação que nos levam rumo à sanidade vegetal.

Permitir que a tecnologia seja um recurso disponível para todos os profissionais é dar-nos as ferramentas necessárias para defender o planeta. A agricultura do futuro é, na verdade, uma realidade do presente, numa permanente inovação e resposta aos problemas agrícolas da atualidade. Agricultura digital, biopesticidas e agricultura de precisão não são mais ferramentas futuristas, são matéria do presente, imprescindíveis para tornar a prática agrícola mais sustentável, aumentando a produção e protegendo a terra.

Combinar tendências tecnológicas respeitantes à arte do cultivo e proteção de culturas – que vivem em permanente evolução, com novas fórmulas e métodos de defesa a nascer todos os dias – com projetos de sensibilização e formação que promovem a segurança alimentar, como o projeto Cultivar a Segurança, iniciativa da ANIPLA, são exemplo de como investir na evolução do setor agrícola e dos seus profissionais, tendo sempre em mente, a sanidade vegetal.

Combater o aquecimento global, a escassez de água, o aparecimento de pragas ou os desperdícios alimentares, é falar do uso de tecnologias cada vez mais capazes e que, ao contrário do que tantas vezes achamos não são o futuro, são já o presente!.

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