Portugal tem muitas características positivas que deveriam dar-lhe uma posição mais relevante no Mundo e que deviam dar aos portugueses muito mais e maiores oportunidades para que pudessem crescer e desenvolver-se nas suas vidas.

Temos uma cultura muito consciente que resulta de uma identidade histórica de quase mil anos de existência.

Temos uma relação com os países dos cinco continentes, muito mais fácil e próxima do que a maioria dos restantes países, tanto pela relação histórica com esses países como pela relação dos nossos conterrâneos com esses países e continentes ao longo dos anos passados e no tempo presente.

A nossa relação com os países da CPLP, com os países europeus, com a América Latina, com o Japão, com a China e com muitos outros tem uma afabilidade que é muito acima da média.

Normalmente, fatalistas como somos, achamos que isso advém especialmente por hoje sermos quase irrelevantes na política internacional e por não apresentarmos qualquer risco para esses países.

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Contudo, e apesar de que a nossa pouca confiança em nós mesmos e a falta de vontade que temos tido em sermos maiores na nossa presença mundial, quando Portugal surge em qualquer projecto internacional, há sempre um reconhecimento das nossas convicções.  Essas convicções são essencialmente baseadas na nossa origem cristã, nas nossas extraordinárias capacidades de diálogo, de respeito pelo outro e de tolerância, que nos colocam ao nível daqueles que estão na liderança dos destinos políticos e económicos mundiais.

A pouca preparação das nossas elites, associada a um comodismo criado pelos últimos anos de excesso de dependência da economia subsidiada têm-nos levado a ser cada vez mais fechados em nós mesmos e a desculparmo-nos com a nossa pequenez e irrelevância para não darmos os passos que devíamos na promoção do nosso desenvolvimento e afirmação.

Na verdade, cada vez que assumimos tomar uma posição pública internacional verificámos com espanto que o resultado é extraordinariamente superior às nossas expectativas e que afinal o Mundo nos respeita de uma forma que nos surpreende.

Foi, por exemplo, o que nos aconteceu na causa de Timor em que, preocupados com a sobrevivência de um povo que estava a ser inaceitavelmente martirizado, nos preparámos e trabalhámos estruturadamente para atingir o resultado, e Timor aconteceu.

Aquilo que nos falta não são capacidades nem competências. Falta-nos convicção, confiança estratégica, organização e trabalho.

É aqui que Portugal tem que investir de imediato e nos próximos anos.

Definir uma estratégia para Portugal no Mundo, definir uma estratégia de relação com os diferentes países e organizações de países, uma estratégia de investimento, em tempo e recursos, é absolutamente indispensável para podermos voltar a dar ao nosso país a capacidade de assumir a sua responsabilidade para com os portugueses e o Mundo.

Deixarmos de nos esconder atrás das pequenas desculpas para evitarmos ter que arriscar mais internacionalmente e deixarmos de nos deixar preguiçosamente ficar em casa, destruindo todas as possibilidades de fazer deste país um Portugal de honra, de gente capaz de peso internacional e de oportunidades para o futuro.

Assumamos o compromisso, perante a história e o futuro, de dar a Portugal uma estratégia que nos coloque no caminho do sucesso para todos nós.