São inúmeros os trabalhos científicos publicados a demonstrar a importância das manobras de suporte básico de vida e desfibrilhação (SBVD) na tentativa de reanimação de pessoas vítimas de paragem cardiorrespiratória (PCR). Os minutos que medeiam entre esse evento e o início das manobras SBVD são determinantes para o sucesso da reanimação e, consequentemente, para evitar uma morte potencialmente evitável. Isto é um dado adquirido.

É também facilmente compreensível que, na esmagadora maioria das situações, quem está mais perto de uma vítima de PCR não é, no imediato, um técnico de ambulância ou qualquer outro profissional de saúde.

Portanto, se queremos, efetivamente, salvar mais vidas, teremos que aceitar e assumir que terá que ser algum desses elementos que assistiu à PCR, que está mais próximo da vítima, que terá que iniciar as manobras de SBVD, para tentar salvar uma vida.

Ou seja, qualquer um dos estimados leitores. Que para o fazerem bem, deverão ter a formação adequada.

Desde 2008 que o CDS-PP tem, repetidamente, proposto na Assembleia da República, que a formação de SBV(D) se torne obrigatória nas escolas nacionais (Projeto de Resolução 354/X/3). Infelizmente, esta primeira proposta foi rejeitada, com os votos contra do PS e a abstenção dos restantes grupos parlamentares, e apenas em 2013 uma nova proposta semelhante, novamente do CDS-PP, foi aprovada (Resolução da Assembleia da República n.º 33/2013).

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Nos últimos anos (2019 e 2021), vários grupos parlamentares (PSD, PS e novamente o CDS-PP) têm seguido esta iniciativa e proposto medidas semelhantes.

Infelizmente, apesar dos representantes eleitos pelo povo (deputados) o terem proposto, reiteradamente ao Governo (alguns dos proponentes mais recentes até passaram a ser parte do Governo, no entretanto), a verdade é que tal medida tarda em ser efetivamente implementada.

A par disso, e dada a importância do tema e as possíveis consequências desta formação na vida de cada um de nós e, principalmente, na nossa vida coletiva, importará equacionamos se será apenas essa (ensino obrigatório de SBVD nas escolas) a via possível…

Não será este um tema de cidadania? E, como muitos têm, recentemente, defendido, o ensino das normas e das regras de cidadania, não deverá começar em casa, nas famílias?

Não será este um tema de comportamento solidário e seguro no trânsito, a ensinar nas escolas de condução?

Não será este um tema de religião ou moral, a ensinar na catequese dos diferentes credos religiosos?

Ou seja, não deveremos, todos, procurar ativamente, adquirir estes conhecimentos como uma quási-obrigação da nova vida em sociedade, da nossa cidadania e, quiçá, da nossa moral?