Há alguns meses, a Google teve problemas com o lançamento do seu motor de inteligência artificial Gemini, em particular pela falta de qualidade de geração de imagens, com impacto direto no enquadramento histórico de realidades versus a procura atual de estereótipos de igualdade dos tempos atuais. Este incidente é a analogia do problema crítico que muitas empresas enfrentam: a crença equivocada de que a simples implementação de inteligência artificial (IA) resolve todos os seus problemas de gestão. A realidade é bem diferente e pode ser resumida na máxima: Garbage in, Garbage out!

A proliferação de fake news, dados de baixa qualidade e contextos errados nas empresas pode levar a decisões erradas, que não são meras “fake decisions”, mas sim más decisões com consequências reais. Erros de interpretação ou a falta de análise crítica sobre os dados disponíveis podem gerar conclusões equivocadas e prejudicar toda uma reputação de marca ou de avaliações erróneas financeiras.

A IA não é uma varinha mágica que transforma dados sem qualidade em decisões corretas. Se as empresas não se dedicarem a trabalhar bem os seus dados, garantindo a qualidade tanto nos sistemas operacionais quanto nos seus sistemas analíticos (data warehouses ou data lakes), a tecnologia por si só não trará melhorias. Decisões estruturadas corretamente, tendo por base processos bem definidos, mas baseadas em dados incorretos, inevitavelmente levarão a resultados distintos dos objetivos pretendidos.

Perante esta realidade, só com a criação de estratégias bem definidas de Governação de Dados, de gestão e qualidade de dados se poderá mitigar estes riscos de enviesamento de decisões. Acresce a necessária compreensão de que este é um projeto de modelo contínuo e interativo, com impacto de médio e longo prazo, que carece de esforço e sponsorship da gestão de topo das empresas para garantia de sucesso.

Mais que uso de modelos tecnológicos avançados de aprendizagem, a inteligência artificial depende da qualidade dos dados que utiliza. Ou seja, sem dados de qualidade adequada, as empresas não conseguirão resolver os problemas de gestão, mesmo que tenham a maior sofisticação tecnológica nas suas infraestruturas. O que realmente importa é como utilizamos a tecnologia disponível.

Desta forma, e apesar de “hoje tudo o que mexe ser IA”, a moda da inteligência artificial não deve ofuscar a importância de ter bases de dados sólidas e bem estruturadas. Investir na qualidade dos dados e na capacidade de análise crítica é o verdadeiro caminho para decisões empresariais bem-sucedidas. A tecnologia é apenas uma ferramenta, pois o valor está na forma como a utilizamos e como potenciamos os dados geridos. Importa, por isso, não “atirar” a tecnologia para cima de problemas e esperar que eles se resolvam por si!

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