No verão, não abundam as notícias e, por isso, é costume entrevistar pessoas célebres, seguindo o questionário atribuído a Proust. Foi o que fiz a JC, aproveitando a sua passagem por Lisboa, onde foi o grande protagonista da JMJ.
Qual a sua ideia da felicidade perfeita?
O amor que Deus é (1Jo 4, 8.16).
Qual é o seu maior medo?
“No amor não há temor, pelo contrário, o perfeito amor lança fora o temor; (…) quem teme não é perfeito no amor” (1Jo 4, 18).
Na sua personalidade, que característica mais o irrita?
Nada, porque sou perfeito Deus e perfeito homem.
E qual o traço da personalidade que mais o irrita nos outros?
Ao subir a Jerusalém, encontrei no templo vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados às suas mesas. Tendo feito um chicote de cordas, expulsei-os a todos do templo e com eles as ovelhas e bois, deitei por terra o dinheiro dos cambistas e derrubei as suas mesas. Aos que vendiam pombas, disse: Tirai isto daqui, não façais da casa de meu Pai casa de comércio! (Jo 2, 13-16).
Que pessoa viva mais admira?
Maria, a cheia de graça! (Lc 1, 28).
Qual a sua maior extravagância?
Escolher, para apóstolo, Judas Iscariotes, que me traiu, e, para primeiro Papa, o discípulo que me negou três vezes!
Qual o seu estado de espírito neste momento?
“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” (Mt 11, 25-26).
Qual a virtude que pensa estar sobrevalorizada?
Nenhuma, mas “agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; porém, a maior delas é a caridade” (1Cr 13, 13).
Em que ocasiões mente?
Eu sou a verdade (Jo 14, 6), “nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; todo aquele que está na verdade ouve a minha voz” (Jo 18, 37).
O que menos gosta na sua aparência física?
As minhas cinco chagas, mas foi por ter tocado na do meu lado que Tomé acreditou na minha ressurreição e confessou a minha humanidade e divindade: Meu Senhor e meu Deus! (Jo 20, 24-29).
Entre as pessoas vivas, qual a que mais despreza?
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã e do endro e do cominho, e descuidais as coisas mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! São estas coisas que é preciso praticar, sem omitir as outras!” (Mt 23, 23).
Qual a qualidade que mais admira numa pessoa?
“Subiram dois homens ao templo a fazer oração: um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros; nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que possuo. O publicano, porém, conservando-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, pecador. Digo-vos que este voltou justificado para sua casa e o outro não; porque quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.” (Lc 18, 10-14).
Diga uma palavra – ou frase – que usa com muita frequência.
“Tende confiança: sou eu, não temais!” (Mt 14, 27).
O quê ou quem é o maior amor da sua vida?
“Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que crê n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 16-17).
Onde e quando se sente mais feliz?
“Se o Pai me ama, é porque dou a minha vida para outra vez a assumir. Ninguém ma tira, mas eu a dou por mim mesmo, porque tenho poder de a dar e de a retomar” (Jo 10, 17-18).
Que talento não tem e gostaria de ter?
“Eu vim lançar fogo sobre a terra e como gostaria que ele já se tivesse ateado!” (Lc 12, 49).
Se pudesse mudar alguma coisa em si, o que seria?
Faria visível a minha presença na Eucaristia, embora já seja real, verdadeira e substancial.
O que considera ter sido a sua maior realização?
A minha encarnação, paixão e morte na Cruz, seguida da minha gloriosa ressurreição e ascensão ao Céu.
Na vida depois da morte, quem ou quê gostaria de ser?
“Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem e hoje; ele o será também por todos os séculos” (Hb 13, 8).
Onde prefere morar?
“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23)
Qual o seu maior tesouro?
“Onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração” (Mt 6, 21).
O que considera ser o cúmulo da miséria?
A dos ricos, que “fizeram a Deus oferta do que lhes sobrava”, porque a maior riqueza é a de quem, como a pobre viúva, “deu, da sua própria indigência, tudo o que tinha para viver” (Lc 21, 1-4).
Qual a sua ocupação favorita?
“Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de meu Pai?” (Lc 2, 49).
A sua característica mais marcante?
Ao chegar à sepultura de Lázaro, comovi-me profundamente e emocionei-me. Depois perguntei: Onde o puseste? Eles responderam-me: Senhor, vem ver. Chorei. Os judeus, por isso, surpreenderam-se ao ver como eu o amava! (Jo 11, 33-36).
O que mais valoriza nos seus amigos?
“Vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando” (Jo 15, 14).
Quem são os seus escritores preferidos?
O Rei David, meu antepassado, a quem se atribuem muitos dos Salmos, e São João, autor do quarto Evangelho, do Apocalipse e de várias cartas. Sem esquecer São Paulo, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Na poesia, S. Teresa de Ávila e São João da Cruz.
Quem é o seu herói de ficção?
Os meus heróis são todos reais: os mártires, desde os dos primeiros séculos do Cristianismo, aos de hoje, na Nigéria, na China, no Paquistão, no Vietname, etc. “Não há maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).
Com que figura histórica mais se identifica?
“Na verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não veio ao mundo outro maior que João Baptista, mas o menor no Reino dos Céus é maior do que ele” (Mt 11, 11).
Quem são os seus heróis na vida real?
Maria e José.
Quais os nomes próprios de que gosta mais?
Pedro (Mt 16, 18), porque fui eu que o inventei.
Qual o seu maior arrependimento?
O fracasso do jovem rico, a quem pedi que deixasse tudo e me seguisse. Mas “ele, entristecido por estas palavras, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens” (Mc 10, 17-22). Se em vez de lhe pedir tudo de uma só vez, lhe sugerisse que o fizesse em doze suaves prestações, se calhar teria tido êxito …
Como gostaria de morrer?
Como morri: sabendo que tinha chegado a minha hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os meus que estavam no mundo, amei-os até ao extremo (Jo 13,1).
Qual o seu lema de vida?
“O Filho do Homem não veio ao mundo para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgate de todos” (Mt 20, 28).