Depois de alguns meses de indefinição algumas vozes no PSD acolhem finalmente a ideia de uma coligação com o CDS em Lisboa, admitindo ter Assunção Cristas como candidata a Presidente da Câmara da capital.
Desde o início que defendo essa solução como a melhor opção do centro direita resgatar Lisboa.
Mais do que uma oportunidade o centro direita tem a obrigação de apresentar uma equipa e um projecto para derrotar o PS em Lisboa e substituir a equipa de António Costa liderada pelo seu herdeiro Fernando Medina.
Se PSD e CDS colocarem Lisboa à frente das suas mercearias partidárias apresentando uma candidatura única e um projecto responsável têm todas as condições para derrotar os responsáveis por uma governação de Lisboa assente em obras gizadas sobretudo em função de uma agenda eleitoralista que transformaram a cidade num estaleiro e que vergastam diariamente quem vive ou trabalha na capital.
Acresce que, ao contrário do que sucede em outros pontos do país, em Lisboa uma aliança PSD/CDS é natural para os eleitores de ambos os partidos. Nos últimos dez anos o CDS e o PSD concorreram sempre em lista conjuntas em Lisboa, sendo que lideram os executivos de várias juntas de freguesia.
Se é normal que, em abstracto, o candidato a Presidente de Câmara de Lisboa seja indicado pelo maior partido, não tem necessariamente de ser assim. No passado o PSD já coligou com o CDS tendo como candidato Nuno Krus Abecassis e já apoiou inclusive para Presidente da República Freitas do Amaral, que foi também ele Presidente do CDS. Por outro lado Assunção Cristas foi durante cinco anos Ministra de Passos Coelho, pelo que é perfeitamente natural que um membro do anterior Governo mereça o apoio dos partidos que suportavam o Governo.
Finalmente, quando se analisam as vantagens e desvantagens dos partidos apresentarem listas conjuntas em eleições autárquicas é preciso ter presente que ao contrário do que acontece nas eleições legislativas, em que o Primeiro Ministro pode não ser o candidato do partido mais votado, em eleições autárquicas a lei eleitoral autárquica determina que o Presidente da Câmara não depende da maioria que se formar e é, sempre, o primeiro candidato da lista mais votada, mesmo se não existir maioria na Câmara ou na Assembleia Municipal. Por ouras palavras se as eleições legislativas de Outubro 2015 fossem autárquicas para a Câmara de Lisboa, Pedro Passos Coelho era mesmo Presidente de Câmara e António Costa líder da oposição.
Perante este quadro legal e a má governação na capital, seria incompreensível que o PSD e CDS não se entendessem para a apresentação de uma lista conjunta à Câmara Municipal de Lisboa, até porque foram sempre juntos nos últimos dez anos, e juntos têm todas as condições para vencer o PS.
PSD e CDS devem continuar a ser parceiros e compreender que a vitória de Lisboa terá um significado político essencial. Uma eventual recusa do PSD em apresentar uma lista conjunta com o CDS só porque tem como primeiro candidato a líder do CDS que recorde-se foi Ministra de Pedro Passos Coelho, passará ao eleitorado o triste sinal de que o PSD prefere que Fernando Medina e a equipa de António Costa continuem a governar Lisboa em vez de uma equipa da coligação PSD/CDS.
No dia das eleições autárquicas teremos em todos os partidos vencedores e vencidos mas as leituras nacionais vão passar muito pelo resultado de Lisboa. Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas se vencerem Lisboa terão razões para sorrir e os lisboetas motivos para celebrar.
Advogado