Este fim-de-semana, os militantes da Iniciativa Liberal terão a honrosa responsabilidade de eleger uma nova liderança. A decisão que tomarão, seja ela qual for, terá repercussões não só na vida interna do partido, mas em todo o espectro político-partidário português, uma vez que não há nenhum outro partido em Portugal que tenha conseguido trazer para a agenda política as preocupações com o nosso fraco crescimento económico, tão bem e tão consistentemente como a Iniciativa Liberal. É portanto da mais elementar importância que a decisão que os militantes tomem seja a que melhor serve os interesses da Iniciativa Liberal, e por consequente, os do país.
É com muita pena que vejo João Cotrim de Figueiredo abandonar a liderança da Iniciativa Liberal. O seu trabalho enquanto Presidente e deputado único é de louvar e os resultados que trouxeram para o partido estão à vista de todos. No entanto, percebo e aceito as suas justificações que o levam a concluir que o partido precisa de uma nova liderança. Antes de avançarmos para a próxima fase da nossa vida interna, julgo ser importante não ter complexos em relação ao trabalho que nos levou até aqui, contra todas as expectativas.
Contrariamente a outros partidos que, para se destacarem, usaram e usam agendas populistas e xenófobas, já experimentadas e (infelizmente) bem sucedidas pela Europa e pelo Mundo fora nas últimas décadas, a Iniciativa Liberal chegou onde chegou devido a um trabalho desenvolvido nos últimos anos muito mais inovador e positivo, e cujo sucesso era mais improvável.
O seu crescimento é fruto da sua agenda reformista, da qualidade e criatividade da sua comunicação, da sua influência digital que vai muito para além da sua representação política – e que acabou por trazer os restantes partidos para o século vinte e um – e por ter conseguido ganhar a confiança de um eleitorado que até recentemente nenhum outro partido tinha conseguido identificar e muito menos representar: aqueles que, como eu, tendiam a concordar com a visão dos partidos mais à direita na economia enquanto que concordavam com a defesa e o respeito pelas liberdades individuais que até à muito pouco tempo era monopolizada por partidos mais à esquerda. Ou, em suma, os liberais em toda a linha.
Poucos apostaram no sucesso deste projeto. O devido mérito da equipa que o impulsionou, primeiro com Carlos Guimarães Pinto e depois com João Cotrim de Figueiredo, não devia ser apenas reconhecido, mas celebrado. A Iniciativa Liberal tem, desde 2019, crescido a todos os níveis. Cresceu consistentemente em todas as eleições que disputou, aumentou brutalmente o seu número de militantes, conquistou um espaço no espectro político-partidário português que cada vez mais é seu. A equipa que não só construiu este sucesso, mas que se orgulha dele, é a equipa em quem vou confiar o meu voto na convenção deste fim-de-semana.
É muito fácil de perceber o porquê de alguns considerarem estas eleições como uma disputa entre a continuidade e a ruptura. Apenas uma candidatura conseguiu unir a grande parte das pessoas que compunham as comissões executivas de João Cotrim de Figueiredo e de Carlos Guimarães Pinto. Apenas uma candidatura conseguiu unir apoios junto da bancada parlamentar (incluindo o apoio do atual Presidente do Partido), bem como das restantes pessoas que compõem o gabinete parlamentar. Essa candidatura é a candidatura da Lista L, liderada por Rui Rocha.
Passei a conhecer e a acompanhar o percurso do agora deputado Rui Rocha através das redes sociais. Através delas acompanhei a magnífica campanha que desenvolveu junto dos eleitores de Braga, em arruadas e convívios que dia após dia conseguiam atrair mais pessoas para a campanha. Muito do crescimento que a Iniciativa Liberal teve naquele círculo eleitoral nas eleições legislativas de 2022, face às eleições autárquicas realizadas meros meses antes, deve-se ao trabalho desenvolvido pelo Rui. Conseguiu uma eleição improvável e inteiramente merecida.
Enquanto deputado na Assembleia da República, tem vindo a destacar-se com intervenções de altíssima qualidade e demonstrou já ser um incómodo para o Partido Socialista; na campanha, tem sido, para mim, o candidato que mais e melhores ideias tem apresentado, ideias concretas nomeadamente na área da habitação e do ambiente, que estão muitíssimo bem explicadas na sua moção de estratégia global. Destacou-se não só nos debates em que participou, mas também nas entrevistas que deu. Provou ser quem está melhor preparado para ser a voz da Iniciativa Liberal, já a partir do dia 23 de janeiro.
Rui Rocha já conseguiu conquistar a confiança da equipa que trabalha com ele diariamente na Assembleia da República, bem como a confiança da esmagadora maioria da comissão executiva que, juntamente com João Cotrim de Figueiredo tem alcançado resultados extraordinários para o partido, desde 2019. Espero e desejo, que a equipa agora liderada pelo Rui, seja digna de merecer novamente a confiança dos militantes da Iniciativa Liberal, e que saia legitimada desta convenção para dar continuidade ao trabalho até aqui desenvolvido.
Dito isto, independentemente de quem ganhar, o mais importante que terá de acontecer após esta convenção é o partido sair reforçado e unido. Não nos podemos esquecer que para além dos militantes da Iniciativa Liberal, mais de duzentos e cinquenta mil eleitores confiaram no partido o seu voto. Temos obrigatoriamente que nos unir em volta da nova liderança, visto que apesar das nossas diferenças, partilhamos todos o mesmo objetivo: Um Portugal mais liberal.