Muito se tem falado e escrito sobre os momentos, as emoções, as prestações, o vedetismo, os egos, as vaidades, o maquiavelismo das opções, os protegidos, os intocáveis, os dispensados, os não utilizados e muitas outras qualificações e adjectivos, dirigidos aos jogadores e selecionador da Equipa/Selecção Portuguesa, no decorrer do Europeu 2024 de futebol, na Alemanha.

Começamos por dizer que esperávamos muito mais da prestação da Selecção de Futebol neste Europeu. Também, com satisfação, apreciamos o aparecimento de novos valores e jogadores com muita garra demonstrada dentro de campo, no mais alto nível de “combate desportivo”, entre actores deste entusiástico desporto, que o fizeram com elevado profissionalismo e dedicação.

Porque perdemos, foram questionadas as decisões e as estratégias adoptadas e aplicadas à equipa. Se ganhássemos, pelo menos no “embate” com a França, questionaríamos da mesma forma as decisões e estratégias implementadas? Não sabemos, mas provavelmente, não!

Assistimos, via televisão, a alguns momentos nos jogos, de um egoísmo brutal de alguns jogadores. Jogadas bem construídas, mas que, se passassem a bola para o companheiro de equipa no imediato, poderia, com segurança, resultar em golo. Mas não… conservou-se a bola nos pés e, quando foi passada, segundos depois, já era tarde, ou quando preferiu rematar, já a defesa estava composta e sem condições de alojar a bola no fundo das redes. É o mundo do futebol!

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Assistimos também a emoções fortes, abraços intermináveis, lágrimas cheias de sentimento e de dôr. Rostos marcados com traços de frustração, de responsabilidade e de metas por atingir.

Percebemos, sobejamente, que a gestão de recursos humanos é necessária e deve assumir-se como uma disciplina parceira, nos grandes e pequenos momentos, no desporto de alta competição, ou na mais simples e humilde equipa, de um serviço ou de uma empresa. A emoção, o estatuto, o “nome” por vezes tolda-nos a clarividência e leva-nos a não tomar decisões, ainda que difíceis, ou quando as tomamos, vão em sentido contrário ao desejado, para o alcance de um maior desempenho e melhores resultados em favor do colectivo.

Falou-se e escreveu-se muito sobre o momento e a oportunidade das lágrimas de Ronaldo e da explosão de tristeza das de Pepe. Do abraço entre ambos. Dos braços caídos de Félix e da sua solidão, em campo. A dimensão galáctica de Diogo Costa, o brilho de Vitinha, Francisco Conceição, Rafael Leão e todos os outros. O futebol é mesmo isto, leva-nos a um caldo de emoções, na avaliação, muitas vezes injusta, de momentos únicos que nos apaixonam.

Na difícil gestão de uma selecção, de uma equipa, de uma empresa, com níveis de stresse e de exigência altíssima, é preciso alguém que cuide e previna a exposição desses jogadores/colaboradores, a esse stresse provocado por emoções muito fortes, na vitória ou na derrota, exaltando desgaste aos seus “intérpretes”. A lucidez e o pragmatismo da decisão, são cruciais em “momentos chave”. Provavelmente, no desempenho desta selecção deste Europeu, isso não aconteceu tão assertivamente!

Porque a emoção e a desilusão foram grandes e a memória é curta (serve para lembrar os feitos em Saúde, por exemplo, da prestação dos Enfermeiros na Pandemia, em que foram enormes e insubstituíveis e que hoje já foram esquecidos), julgamos o imediato e esquecemos o processo do caminho percorrido, o processo permanente de construção, das dificuldades do trajecto, da dimensão dos obstáculos e só avaliamos o hoje! Esquecemos o passado! Quem foi grande no passado que conseguiu trazer este “Património” para que no presente fosse valorizado, porque amanhã, será passado outra vez, fica muitas vezes olvidado.

Tanta irracionalidade na avaliação e nos comentários que se lê e escutam, por aí, que parecem não ter memória de quem os produz. A memória deveria ser uma ferramenta muito útil e ser usada por todos, a cada minuto, e depois dizer, neste caso, obrigado a quem vestiu a camisola das 5 quinas, lhe deu dignidade e grandeza, lutou com galhardia, voltou a por o nome de Portugal no Mundo, nos ecrãs da 5ª. avenida dos EUA, rompeu fronteiras e se tornou galáctico, tal como noutros tempos, sem redes sociais, sem mediatismos imediatos, heróis descobridores navegando em caravelas, colocaram padrões, cruzeiros, e marcas em pedras pelo Mundo fora, por terras que descobriram de aquém e além mar, onde fundearam, povoaram e civilizaram. Só a título de comparação de orgulho e sentido de pertença, se Espanha tivesse um Ronaldo, com certeza que o idolatrava, e nunca o destruiria, tornando-o num ícone, num ídolo, num “produto” de uma mais-valia enorme. Portugal, não o sabe fazer! Como não o soube fazer no passado, com outros ícones.

O “falhanço”, o errar, o não acertar para uns, é o acertar de outros, foi o que Diogo Costa fez e fez bem, acertou! A “experiência do falhar” é de quem fez algo e deveria ser sempre visto, como uma possibilidade de aprendizagem, para o próprio mas também, para quem gere e decide em organizações e equipas. Servir de exemplo.

Sentimentos e emoções espelham uma linguagem não-verbal de significância profunda. Estas manifestações não são só de pessoas pobres, de fora das passadeiras vermelhas ou das televisões. São também dos grandes desportistas, políticos e estadistas.

Não gostamos de ver sorrisos cínicos, de sentir abraços falsos e cumprimentos hipócritas.

Mas damos valor e sentimo-nos abraçados, por figuras públicas, que apesar de fortes, não escondem as suas emoções, as suas fraquezas e frustrações e, no estrelado como na tristeza, evocam com orgulho o suporte, a presença e apoio da Família. Não esquecem o percurso e o passado mais sombrio, que lhes forneceu oportunidades e lhes possibilitou o caminho para chegar à plenitude do “HOJE”.

Um Homem/Mulher sem emoções nem sentimentos, é um ser incompleto! E acreditem, as emoções não se compram, vivem-se!