Os tempos estão a mudar rapidamente, não estão? Também têm essa sensação?  Mais do que a sensação individual desta mudança de tempos, da sensação arrasadora de serem demasiadas notícias e demasiados problemas para processar individualmente, tenho a noção de que estamos – colectivamente – com falta de soluções.

O papel das alterações climáticas na condução das tendências migratórias atuais e futuras, juntamente com o estatuto legal das pessoas que migram como resultado dos impactos das alterações climáticas, é complexo e exige uma compreensão detalhada dos fatores subjacentes à migração.

Sabemos hoje que os desastres naturais provocam quase 14 milhões de deslocados por ano. À medida que a crise climática se aprofunda, os deslocados do clima também aumentam. Algumas projeções apontam para que em 2050 o número de deslocados ambientais seja superior a 143 milhões. De facto, a relação estabelecida entre os fenómenos naturais e o deslocamento forçado de populações é avassaladora.

No entanto, sabemos que existem outros fatores que condicionam estes números, nomeadamente a pobreza, os conflitos, as condições económicas, a degradação dos ecossistemas, a falta de governação, entre outros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como se não bastasse, e como bem sabemos, nenhum destes temas é uma ilha. Questões de género, orientação sexual, raça e classe social, entre outros, têm muito impacto na forma como determinado problema nos afeta, bem como naquilo que entendemos como solução.

Todos os dias, várias pessoas com as mais diversas experiências e pontos de vista, trabalham para deixar o mundo um bocadinho melhor do que o encontraram. Mas, no meio de tudo isto, que visão têm elas sobre esse mundo? Qual é a sua definição de impacto? Quais são, na sua perspectiva, as falsas soluções? Como é que podemos contribuir?

É precisamente na interligação temática entre estes desafios e o processo de desenvolvimento, bem como no nosso papel enquanto atores do desenvolvimento, que a Campanha #ClimateOfChange surge, e acaba a lançar um podcast chamado “Mudam-se os Tempos”, com o primeiro episódio a ser lançado esta semana.

Enquanto apresentadora do podcast, quero que seja um espaço aberto de discussão, orientado para a solução. Todo o retorno construtivo e sugestões são bem-vindas.

Semanalmente, vou conversar com ativistas da linha da frente e explorar como é que, com esta mudança de tempos, fazemos acontecer a mesma vontade de justiça global.

Este podcast surge da vontade de aprender com quem trabalha diariamente por um mundo mais justo, digno e sustentável. Espero que seja uma bonita jornada de aprendizagem conjunta.

Carolina Pereira é actualmente Chapter Communications & Advocacy Manager na Women in Global Health, dedicada a combater a desigualdade de género na saúde Global. É co-fundadora da TippingUp, uma organização que co-cria e implementa projetos de comunicação, educação e comunidade focados nos pilares centrais da sociedade. Carolina é também Co-Directora da Sathyam Project, uma associação em Chennai (India), que trabalha na capacitação de raparigas e mulheres através da educação para quebrar ciclos de pobreza nas família. Enquanto embaixadora do #HeForShe, fundou e implementou o movimento em Portugal, mobilizando jovens para a igualdade de género e direitos LGBTQ. Durante o seu percurso, sempre trabalhou em comunicação, criação de conteúdos e impact storytelling dentro das organizações pelas quais passou e movimentos que ajudou a criar, colaborando com eventos como o #RightLivelihoodAward (também conhecido como Alternative #NobelPrize) ou a campanha ID Europa (do Parlamento Europeu). Juntou-se aos Global Shapers em 2019.

O Observador associa-se aos Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.