Com os seus quase 20 milhões de habitantes, Mumbai é uma cidade em permanente agitação, sempre com gente na rua, muita apressada a tomar algum meio de transporte. E intermináveis obras públicas que se estendem de uma ponta à outra da cidade. Desta vez, são obras para dotar a cidade de um extenso metro com 235 kms, em três fases, que estarão completas em 2025, após 15 anos de realização. Terá 8 linhas, sendo 24% subterrâneo e o restante sobre-elevado. E terá 200 estações. O custo total, excluída a linha 1 em funcionamento, é de 12.500 milhões de dólares.
Além disso, toda a cidade tem ao longo dela centenas de majestosos edifícios de habitação e escritórios de construção muito recente, sempre de grande altura dado o custo do terreno, e outros em fase avançada. Nota-se que a cidade está repleta de milionários e bilionários com residencias luxuosas e um número bem maior de pobres, mal alimentados, cansados, provavelmente vivendo nos imensos bairros de lata que povoam a cidade.
O sonho de ter um trabalho nas grandes metrópoles é mobilizador e fonte de frustrações. Seria muito importante criar condições para que ficassem na sua zona ou nas pequenas cidades e vilas, com algum trabalho aí, evitando que se sentissem perdidos nas grandes metrópoles.
De facto, há também criação de trabalho, sobretudo na construção civil e obras públicas. E também, com a solidariedade à mistura, de muitos trabalhos sem grande conteúdo, de vigilância dos prédios de habitação e escritórios (ainda há ascensoristas, comentava-me um português expatriado). Miríade de condutores de rickshaws e táxis, à mistura, com um intenso comércio de rua, quer com bancas de refeições, quer de venda de roupas, de fruta e de todo o tipo de artigos imagináveis. A verdade é que tudo isso ainda é insuficiente…
Curioso ver que por detrás de uma fila de venda de rua, há lojas de grande luxo para comércio rico, do mesmo tipo de artigos que o de rua, em prédios de boa apresentação e publicidade de alta qualidade, com peças de vestuário e joalharia muito requintadas. Mas vivem em perfeita paz, talvez por saberem que os clientes são diferentes e não se enganam!
Há zonas modernas de muito boa construção e limpeza e outras normais, de dormitórios que de repente acordaram e estão a transformar-se em construções em grande altura e boa qualidade arquitetónica.
Entre as primeiras está o complexo BKC-Bandra, Kurla Complex, uma imensa área de 370 hectares, nas zonas baixas marginando 3 riachos que percorrem a cidade. Totalmente nova com as sedes das maiores instituições financeiras nacionais e estrangeiras e também de operadores de telefonia móvel, de proprietárias de gás e combustíveis, de empresas de construção, de e-commerce (Amazon), etc.. Aqui, tudo nasceu à volta da Bolsa do Diamante e ela foi a grande oportunidade de criar todo um imenso espaço de modernidade, com arquitetura chamativa pela sua notável beleza.
Outra zona de mais tradição é a que se situa ao Sul de Mumbai, designada por Nariman Point, e outra relativamente perto, a Cuffe Parade, com construções amplas, em altura, beneficiando de uma vista soberba sobre o Oceano Índico, e sobre os recortes da geografia de Mumbai. Tem um vastíssimo passeio de muitos quilómetros, muito bem cuidado e cheio de reentrâncias onde os Mumbaicares podem passar os agradáveis fins de tarde quentes, bafejados pela brisa oceânica. Grandes hotéis e escritórios de sonantes multinacionais indianas e estrangeiras têm a sede nesta zona.
A cidade – aliás, todas as cidades da Índia – tem uma arborização de grande porte e idade, com árvores centenárias de uma folhagem verde-escura densa, que parece querer proteger os Mumbaicares dos calores da incidência solar. Há um verdadeiro culto à vegetação e não se cortam árvores, muitas delas bem perigosas pela sua localização nas beiras das estradas ou um pouco no seu interior. E quando é imperioso cortar por um fim social claro, para melhorar o tráfego, por exemplo, há manifestações e protestos nos jornais, até que por cada árvore cortada a entidade decida plantar dezenas ou centenas de novas.
É uma verdadeira cidade financeira e comercial. Tudo aqui se encontra. Até há uns anos, parecia decrépita e suja, com as casas que não eram consertadas, sem manutenção. E de repente, talvez a partir de 2005, tudo entrou em mudança e ebulição, com centenas de novos hotéis, novos edifícios aos milhares que tem os passeios de bom recorte e bem conservados, onde rapidamente a apresentação das pequenas lojas da zona, melhora, como a acompanhar o ritmo do embelezamento das zonas. Há mais cafés de variadas marcas, de restaurantes, de zonas desportivas,… faltando ainda parques onde as pessoas possam passear e descansar. Julgo que chegará a vez deles, uma vez terminadas as obras do metro em cada zona.
A cidade tem algumas praias de areia muito escura, nomeadamente a de Juhu, muito frequentada, pelo vento puro e forte que sopra. Assim se entende porque os Mumbaicares gostem de passar fins de semana e longas temporadas em Goa, onde encontram uma areia muito branca, deixando a sensação de uma grande pureza… Aliás, há muitas pessoas de Goa em Mumbai, vindas ao longo de gerações, em busca de um trabalho melhor e que não se cansam de falar das maravilhas de Goa.