Os tempos que vivemos parecem padecer de uma esquizofrenia que desvirtua a realidade, criando mundos e universos paralelos, em busca de uma satisfação inalcançável.
Se, por um lado, vemos o abandono das tradições da nossa matriz cultural de inspiração cristã, assistimos ao mesmo tempo, impávidos e seguros, à importação e revivalismo de hábitos e celebrações impregnados de neopaganismo e de anticristianismo primário.
Não se pode ter uma cruz nas salas de aula e edifícios públicos, mas podem colocar -se abóboras, morcegos e esqueletos do Dia das Bruxas. Não se pode rezar no início ou fim das atividades escolares, mas poem-se os alunos a ouvir mantras e músicas de relaxamento de inspiração oriental. Não se pode montar o presépio, mas podem encher-se os espaços com a figura do Pai Natal da Coca Cola. Não se pode fazer uma missa de Páscoa, de Natal ou final de ano, mas promove-se o yoga, sunsets e noites brancas. Não se podem cantar músicas populares ou o Hino Nacional, mas podem cantar-se cânticos revolucionários e palavras de ordem inspiradoras da desunião da sociedade.
Estranho mundo este em que nos encontramos. Deitam-se fora e destroem-se tradições seculares e adotam-se práticas completamente alheias aos nossos costumes e identidade.
O mais caricato é que tudo isto ocorre diante dos nossos olhos, crescendo a cada ano devido à passividade de muitos e ao incentivo de minorias que querem impor uma sociedade pós-cristã.
E tudo isto, como uma nódoa de azeite num belo tecido, se vai alastrando e destruindo para sempre o que tem valor e deve ser preservado.
Se nada for feito, em pouco tempo estaremos reduzidos a um Magusto sem São Martinho, um Natal sem Advento, uma Páscoa sem Cristo, procissões sem Deus, romarias sem sentido de fé.
A educação é a arma mais potente que possuímos. Há que apostar na formação dos agentes educativos, por exemplo: se os professores de Português tivessem o mesmo empenho em comunicar as tradições portuguesas, como os docentes de Inglês em ensinar a festa do Dia das Bruxas e do Dia de Ação de Graças, teríamos um panorama bem diferente em muitas coisas no nosso país.
Acredito, pois sou otimista, que ainda vamos a tempo de preservar e transmitir às novas gerações muito daquilo que nos fez ser o povo que somos, com uma história e uma identidade riquíssimas, cheias de beleza. Tenhamos orgulho em preservar e viver as nossas tradições.