O Dia Internacional da Mulher é um marco incontornável das conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres que, ao longo da história, lutaram pelos seus direitos e contra o preconceito. Mais do que um dia de discursos inflamados a reclamar a superioridade do género, é um dia em que todos devemos honrar a coragem e determinação de muitas mulheres na luta pela igualdade.
O empoderamento feminino abriu portas para que a mulher pudesse conquistar cada vez mais espaço e triunfar em áreas que lhe eram vedadas, sendo inequívoco o progresso dos seus direitos e a maior consciencialização pública no combate à discriminação e luta por um justo equilíbrio em termos de oportunidades, tratamento, salários e representação entre homens e mulheres em todas as áreas do trabalho remunerado e não remunerado.
No entanto, a análise dos direitos da mulher mostra que, apesar dos avanços conseguidos, nenhum país alcançou a verdadeira igualdade de género, continuando a existir discursos estereotipados e a serem discutidos temas como a igualdade de oportunidades e de condições perante o trabalho, representação política ou violência de género.
Em Portugal, apesar de, em média, os níveis de qualificação das mulheres serem superiores aos dos homens, existem ainda disparidades salariais em seu desfavor, fruto de um imaginário coletivo de longos anos que deixou profundas heranças no reconhecimento da identidade feminina. As mulheres continuam a ser particularmente vulneráveis à exploração laboral e mais expostas à precariedade. A maternidade continua a ser um fator de penalização para as mulheres, traduzindo-se numa desigualdade de oportunidades. Além disso, com as mulheres a assumir predominantemente a prestação de cuidados sociais e de saúde, sobre elas recaíram mais responsabilidades no combate à família durante a pandemia com mais impactos sociais e económicos.
Tudo isto nos leva a crer que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a plena igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres.
Celebrar os direitos da mulher não significa que seja uma luta contra os homens: a celebração faz-se com a reafirmação da igualdade, num dia que deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e de discussão das discriminações que ainda existem.
No entanto, o Dia da Mulher é um dia por todos os dias, cabendo aos homens manter permanentemente a voz sobre a igualdade de género ao lado das mulheres até que as desigualdades sejam coisas do passado.