Passou mais um Dia Internacional da Juventude e as soluções para os jovens em Portugal ainda são poucas (ou nenhumas). Ao adágio “Os jovens de hoje são os adultos de amanhã”, eu acrescento que os jovens de hoje são os adultos mais empobrecidos de amanhã, uma vez que, apesar de sermos a geração mais bem preparada de sempre, somos também a geração mais mal paga de sempre. Segundo o Estudo “Os Jovens em Portugal, Hoje” da Fundação Francisco Manuel dos Santos, só cerca de 30 por cento dos jovens que trabalham por conta de outrem recebem entre 601€ e 767€ euros e, de acordo com o relatório do Estado da Nação e Políticas Públicas do IPPS-Iscte, “a taxa de desemprego dos jovens portugueses entre os 15 e 24 anos é 3,6 vezes mais elevada do que a taxa de desemprego total, sendo a diferença para Portugal maior do que na União Europeia e com tendência para aumentar.” Portanto, os problemas do emprego jovem são os mesmos e a falta de soluções também.

E com maus salários, todos sabemos que nem para começar uma casa pelo telhado dá. Os valores exorbitantes dos imóveis, a dificuldade de acesso ao crédito e as despesas com a habitação são também fatores de entrave ao acesso aquela que será a primeira casa de muitos jovens. Sem esquecer também a dificuldade inerente à procura de residências que os estudantes que ingressam no Ensino Superior têm dada a escassez de oferta a preços aceitáveis. Portanto, o tema da habitação jovem é o mesmo e a falta de soluções também.

A maioria dos jovens em Portugal vivem com os pais ou familiares por questões de instabilidade económica dada a precariedade do trabalho e as limitações nos rendimentos. Apesar de haver uma esmagadora percentagem que quer sair de casa para ter a sua independência, a idade média da emancipação em Portugal está próxima dos 30 anos. Portanto, o tema da (privação da) emancipação é o mesmo e a falta de soluções também.

No que toca à educação, o acesso ao ensino superior ainda não é para todos: cerca de 19 por cento dos jovens não vão para a Universidade porque precisam de trabalhar e outros 17 por cento porque não tem dinheiro, segundo o Estudo “Os Jovens em Portugal, Hoje”. Contudo, os que conseguem optar pelo seguimento no ensino superior, fazem-no para obter melhores empregos e melhores salários, mas, apesar da boa vontade destes jovens, segundo uma análise do Instituto +Liberdade “ser diplomado em Portugal compensa menos do que ter apenas o ensino secundário em boa parte da Europa. Em 2020, o rendimento anual líquido por adulto equivalente dos trabalhadores portugueses com educação superior era menor do que o dos trabalhadores com o ensino secundário em 12 países da UE, em paridade de poderes de compra. (…) Em Portugal, os baixos salários são transversais a todos os níveis de escolaridade, apesar de melhores níveis de educação garantirem salários mais elevados. No entanto, o retorno do investimento dos jovens e das suas famílias na educação é muito baixo no nosso país e, por isso, muitos jovens com formação superior decidem emigrar em busca de melhores condições profissionais, conduzindo à fuga de cérebros, após vários anos de investimento privado e público na sua educação nas escolas portuguesas.” Portanto o tema da educação (e da emigração dos jovens) são os mesmos e a falta de soluções também.

Não é admissível a realidade em que se encontram as novas gerações em Portugal. Urge um debate objetivo e conciso sobre políticas jovens. Os mais novos precisam de uma visão alternativa para conseguirem uma melhor qualidade de vida e esta deve ser uma clara prioridade do governo socialista. E apesar de ontem ter sido aprovado o II Plano Nacional da Juventude com mais de 400 medidas (com um valor de três mil milhões de euros) a desdobrar-se em cinco eixos prioritários entre os quais a emancipação e a educação, não estou iludida o suficiente para vos dizer que não estamos todos tramados, pois dizem eles que será a continuação dos trabalhos de 2018.

Hoje é dia 13, o dia foi o mesmo e a falta de soluções também!

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