O Partido Socialista em Portugal, até os dias de hoje é o partido com maior permanência no poder, é igualmente aquele que mais desse poder se tem aproveitado de forma raramente benigna, com avanços no desenvolvimento do país muito ténues, conduzindo-o para a cauda da União Europeia, ou seja, com resultados medíocres

O Partido Socialista só larga o poder, quando o País está de tanga, no pântano, na banca rota ou a justiça o force, como terá sido da última vez. Como será isto possível?

É um enigma difícil de deslindar, mas que tentaremos fazer compreender nesta breve análise.

Se olharmos para todo o país, o dito “Portugal Inteiro”, e nos dermos ao trabalho de meticulosamente contarmos todos os beneficiários do poder socialista considerando um período largo de 25 anos, chegamos à conclusão que têm sido centenas de milhares de pessoas ligadas ao PS que ocupam ou ocuparam cargos de nomeação partidária, nas Freguesias e Câmaras.

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Acrescentem-se dirigentes administrativos nos organismos públicos desde Direções Gerais, repartições e ministérios, empresas públicas, assessores de Secretários de Estado e Ministros, sem contar as nomeações de toda a espécie de quadros ou apenas funcionários de favor ao cartão de militante socialista ou à amizade socialista.  É um número muito grande de socialistas dependentes que só por si garante em eleições muitos de deputados, pois são votos de grande fidelidade e agradecimento.

Comparado este número com o somatório de todos os outros partidos com e sem representação parlamentar, encontramos uma enorme diferença.

São, portanto, centenas de milhares, entre benificiários, militantes e simpatizantes, todos votantes PS, que temem uma qualquer mudança de governo.

Com motivos pouco claros o Primeiro Ministro e Secretário Geral do Partido Socialista demite-se.

Foi o “parágrafo”, foram as quinze demissões em pouco mais de um ano de membros do seu gabinete que, enredados em casos e casinhos, se despediram ou foram obrigados a fazê-lo.

Foram os mal explicados affairs do seu melhor amigo ou o dinheiro arquivado em livros e garrafas no Gabinete do 1.º Ministro.

Tiveram influência os estranhos negócios feitos por António Costa e Fernando Medina, enquanto Presidentes da Câmara de Lisboa ao longo de mais de catorze anos, envolvendo centenas de milhões de euros, a que já chamei os “Ajustes Indiretos na Câmara Municipal de Lisboa”.

Terá sido o sonho da cadeira dourada do Conselho Europeu, após oito anos de  saturação de tantos anos de desgoverno  que  mesmo tendo maioria absoluta, sem resultados,  quaisquer reformas e com todas as classes profissionais em guerra?

O sucessor de António Costa no Partido Socialista, um homem de convicções fortes e palavra fácil, (prefiro perder eleições a abandonar as minhas convicções) apresenta-se a eleições, com o propósito de ganhar e fazer esquecer o seu antecessor, de quem se tentou livrar, mas desde o Congresso Socialista se viu que era António Costa que o conduzia pela mão até ao palanque.

Será difícil a Pedro Nuno dos Santos livrar-se da imagem de menino rico, privilegiado e mimado, carregando o Complexo de Alfred Adler consigo.

O resultado das eleições do dia 10 de Março, é por isso mais surpreendente quanto à  rejeição do Socialismo em Portugal, a que se soma a pouquíssima aceitação da maioria dos outros partidos de esquerda e extrema esquerda. Salvou-se o Livre pela posição meio ambígua do seu líder, que se diz de esquerda, mas….

A expressiva votação no Chega de certa forma foi um benefício para o Partido Socialista, pois capitalizou como nenhum outro a clara rejeição do Povo Português ao nosso pobre socialismo.

Apesar de tudo ou por tudo o que referi antes, o Partido Socialista até teve um grande resultado nas últimas eleições; perdeu muitos deputados, mas em relação à  AD perdeu  por muito pouco, ultrapassando as últimas previsões e desmentindo as sondagens.

A ascensão do Partido Chega era previsível, pela forma como André Ventura o tem conduzido, pelo desgoverno Socialista e pela apatia que o PSD tem sido nos últimos 9 anos.

O Chega foi, nomeadamente durante os últimos dois anos de governo de António Costa, a verdadeira oposição às enormes deficiências reveladas, com a vantagem da não dispersão de posições, ideias ou atitudes, já que é feita a uma única voz, num verdadeiro “ one man show”

Acrescente-se ainda que o Partido Socialista ao promover o Chega, quer na comunicação social, procurando dar-lhe palco, quer na Assembleia da República onde Santos Silva tudo fez para que fosse lembrado a todo o momento, fê-lo com o propósito de provocar transferência de votos do PSD e impossibilitar a superioridade do Partido Social Democrata no confronto PS-PSD.

Se considerarmos ainda todo o investimento de centenas de milhões feito pelo PS, diga-se Governo, em comunicação e propaganda em praticamente todos os Órgãos de Comunicação Social, tínhamos o plano perfeito para a eternização no poder na melhor tradição de alguns países da América do Sul.

O Partido Socialista transformou-se nos últimos anos no “Dono do País “e da coisa pública, e com a sua promoção descarada ao Chega, preparava-se para se eternizar no Governo, pois sabia melhor que ninguém que o PSD, nunca se aliaria à extrema direita, como o PS se aliou à extrema esquerda para a sobrevivência política do derrotado António Costa.

Aconteceu a demissão do Primeiro Ministro, pelas razões que são conhecidas e que transformaram a, até aí, sua melhor aliada na sua pior inimiga. Vá-se lá saber o que se terá passado entre ambos, para aparecer aquele “maldito paragrafo” escrito por Lucília Gago.

O Presidente da República travou o avanço na referida mexicanização, quando não aceitou que Centeno substituisse Costa.

Era o golpe perfeito do Partido Socialista, refundava-se o governo, Costa tinha porta aberta para a Europa, os golpes orquestrados contra o PSD, na Madeira e o caso das Gémeas, salpicavam ainda mais o PSD e Marcelo Rebelo de Sousa.

Centeno, o não independente Governador do Banco de Portugal, faria o “lifting” do PS e do Governo. A comunicação social de serviço e os seus comentadores políticos, tinham que se entreter e todos os “socialistas- dependentes” estavam garantidos.

Como era? António Costa ao demitir-se do Governo, deixava automaticamente de ser Secretário Geral do PS? Pedro Nuno dos Santos teria paciência para esperar e Centeno já Primeiro Ministro, não desejaria também o Partido? Quanta confusão se geraria!

Fez bem o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dissolver a Assembleia da República. Esperemos que Luís Montenegro continue a ser o governante que Portugal necessita e que assim se resolva o “enigma socialista” e que o PS encontre a paz, nuns bons anos de oposição.