Filiei-me no CDS há cerca de 30 anos, sempre fui um militante fiel e activo, dando a cara em eleições autárquicas e nacionais.

Desfiliei-me esta semana, após uma profunda e ponderada reflexão, sendo uma das decisões mais difíceis da minha vida. Doeu-me imenso e ainda estou com um estado de alma difícil de explicar, mas o grupo que hoje comanda o CDS e que o trouxe até aos cuidados intensivos com prognostico muito reservado, fruto da gestão que fizeram durante a liderança de Assunção Cristas e da fratricida guerrilha interna que fizeram à direcção de Francisco Rodrigues dos Santos, ainda não tomou consciência da triste realidade a que o CDS chegou.

A titulo de exemplo, a direcção que agora apregoa que tem muitos autarcas eleitos com o intuito de fazer prova de vida, é composta por muitos que após as eleições em que esses mesmos autarcas foram eleitos, vieram a publico dizer que o CDS tinha tido um mau resultado.

Continuam a agir como se de uma coutada de amigos se tratasse, esquecendo que infelizmente o partido actualmente tem o peso que tem e que a luta pela sobrevivência não é compatível com o modus operandi que insistem usar.

De nada vale plantarem notícias na comunicação social vangloriando-se que vão regressar ao partido cerca de 100 militantes oriundos do Chega e do Aliança, ocultando a quantidade de militantes que tem saído, se não tiverem a capacidade de unir o partido e tentar reter os militantes que ainda se vão aguentando.

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Apesar de tudo, gostava que o CDS sobrevivesse, mas para isso era necessário mudar radicalmente de rumo. O Chega e principalmente a Iniciativa Liberal vieram roubar espaço ao CDS, mas apenas porque o CDS erradamente permitiu e optou pelo caminho mais fácil para estar perto do poder, deixando de parte muitos dos seus valores e das suas causas de sempre.

Em 3 de Fevereiro de 2021, escrevi aqui no Observador um artigo de opinião com o título “O CDS não tem donos”, quem o ler perceberá melhor o que se tem passado com o CDS e o que o deixou em estado tão critico.

É triste para a direita portuguesa, porque o CDS faz falta a Portugal, mas definitivamente não é este CDS.