Quando na segunda metade da década de 70 do século passado Alain de Benoist escreveu o livro pelo qual é mais conhecido, “Vou de droite” (publicado em Portugal, em 1981, sob o título “Nova Direita, Nova Cultura”), tornou-se o mais reconhecido representante de uma nova escola política europeia: a Nova Direita europeia.

Admito que alguns dos mais jovens políticos do CDS da actualidade não tenham lido nada de Alain de Benoist e de outros filósofos políticos da Nova Direita (só assim se explicam recentes declarações de uns quantos, associando a expressão “Nova Direita” a Trump e Bolsonaro, entre outros, dado que só por ignorância ou má-fé se podem estabelecer estas comparações ocas e eu prefiro encontrar na primeira hipótese a explicação para quem as proferiu).

Esta Nova Direita defende acerrimamente a singularidade e integridades dos povos, recusa a globalização selvagem e critica severamente o neoliberalismo e o multiculturalismo.

A leitura das primeiras cinco páginas da Moção de Estratégia que Francisco Rodrigues dos Santos decidiu apresentar ao próximo Congresso do CDS, assumindo-se ao mesmo tempo candidato à liderança do partido, permite compreender o que propõe o seu autor: recuperar a essência dos valores que levaram á fundação do CDS. São eles a defesa intransigente da dignidade da pessoa humana, a consideração da família como célula base da sociedade, a garantia da segurança como condição para o desenvolvimento da sociedade, a afirmação do trabalho como expressão fundamental da dignidade humana, a assumpção da ética judaico-cristã como o cimento axiológico da civilização europeia e a defesa da identidade nacional como instrumento de reforço da Portugalidade e essência da cidadania.

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Sempre defendi estes valores do CDS, que constituíram o motivo pelo qual me filiei, primeiro na Juventude Centrista e depois, justamente em 1981, no partido. Foi a defesa destes valores que me levaram a fazer parte activa da luta política do CDS: primeiro como simpatizante e militante, depois como dirigente concelhio, distrital e nacional.

Foi em nome destes valores da Democracia Cristã que participei na Comissão Directiva do CDS, liderada pelo Prof. Dr. Manuel Monteiro (que era então um jovem de 29 anos e Presidente da Juventude Centrista, hoje Popular), juntamente com muitos outros, com especial relevo para o Dr. Paulo Portas, quando foi necessário recuperar o partido do estado de profundo desânimo que se tinha instalado depois dos resultados das legislativas de 1991.

Foi justamente a correcção de posicionamento estratégico do CDS, do rigorosamente ao centro do Prof. Freitas do Amaral, para a afirmação de um CDS da direita moderna e democrata-cristã, que haveria de resultar o sucesso eleitoral de 1995, com o CDS a subir de 5 para 15 deputados eleitos para a Assembleia da República.

Apoio, por isso, a visão apresentada por Francisco Rodrigues dos Santos na sua Moção de Estratégia e acredito que ele e a sua geração estão bem preparados para enfrentar com sucesso a gigantesca tarefa de reerguer o CDS e de oferecer ao nosso País a alternativa de Direita Democrática de que tanto precisa.

Eu cá estarei, como de costume, militante de base, preparado para dar o meu contributo no que for capaz e quando for necessário.

Vogal da Comissão Directiva da Juventude Centrista, ente 1981 e 1985; Vice-Presidente da Juventude Centrista, entre 1985 e 1986; Vogal da Comissão Política Nacional do CDS entre 1986 e 1987; Vogal da Comissão Directiva do CDS entre 1992 e 1994 e entre 2006 e 2008