O Fórum Económico Mundial declarou a década entre 2020 e 2030 como a Década da Ação, no seu Programa Ambiental para as Nações Unidas, indicando que se não reduzirmos as emissões de gases com efeito de estufa em 7,6% nestes anos, iremos sofrer consequências irreversíveis em toda a nossa forma de viver no planeta. Extinções de espécies, aumento do nível do mar, temperaturas e condições meteorológicas extremas são apenas o início.

Os paralelismos entre a pandemia e a crise climática são claros, uma vez que ambos evidenciam a fragilidade dos nossos sistemas, quebrando fronteiras geográficas e socioeconómicas, seja no acesso a cuidados de saúde ou no mercado de trabalho, ou ainda na qualidade do ar. Tanto a crise climática como a pandémica requerem uma resposta sustentável e responsável a nível global, para o presente e para o futuro.

A Comissão Europeia fez, recentemente, uma excelente proposta para dar mais um passo na redução das emissões de gases com efeitos de estufa em 55%. A Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, discursou inclusivamente sobre as ambiciosas metas para a Europa se tornar no primeiro continente a atingir a neutralidade carbónica até 2050. Citando a Presidente da Comissão, “temos de ir mais rápido e temos de fazer melhor.”

Coletiva e individualmente, tanto as empresas como as pessoas têm um papel nesta luta, seja pela utilização de novas tecnologias, redes de contactos e até pela influência. Pelos paralelismos óbvios que ambas as crises nos demonstram, é possível destacar cinco lições que podemos retirar da pandemia para o combate às alterações climáticas:

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1 Temos de agir agora

Ao sair da crise causada pela Covid-19, temos a oportunidade de criar uma recuperação que una a segurança à sustentabilidade. A União Europeia foi a primeira a avançar, com uma proposta para uma recuperação ecológica, que utilizará a digitalização para criar emprego e estimular o crescimento, assegurar a resiliência das sociedades e colocar a saúde e o ambiente em primeiro lugar.

Temos de construir uma economia que garanta, a longo prazo, o bem-estar e a saúde dos cidadãos, a criação de emprego e a condução da sociedade por um caminho que previna o impacto das alterações climáticas.

Somos mais fortes quando trabalhamos em conjunto

Ao sermos confrontados com condições sociais sem precedentes durante a pandemia, as empresas e comunidades mostraram o seu melhor lado. Empresas com propósito adaptaram-se com práticas de trabalho mais sustentáveis e ganharam, simultaneamente, uma maior confiança por parte dos seus stakeholders.

Da mesma forma, à medida que as alterações climáticas avançam, torna-se claro que apenas conseguiremos ultrapassar este desafio ao trabalharmos em conjunto. Há um primeiro passo a dar no sentido de incorporar a sustentabilidade em todas as áreas de negócio das empresas. Só assim é possível ser motor da mudança a nível local e global.

3 A adversidade estimula a inovação

Temos assistido a empresas de todo mundo a aplicarem novas tecnologias a uma velocidade nunca antes vista, para responderem aos desafios que a pandemia criou. Estas inovações foram aplicadas não apenas na forma de trabalharem em equipa, mas como se mantêm próximas dos seus clientes. O mesmo acontece com o clima, e vemos marcas a darem os seus passos. A Adidas, por exemplo, apresentou novas soluções para a poluição causada pelo plástico, ao ser parceira da Parley na criação de calçado fabricado com plástico encontrado nos oceanos.

4 O digital é imperativo

A pandemia obrigou as empresas a operarem de forma quase totalmente digital, da noite para o dia, abrindo o caminho para a necessidade de soluções baseadas na cloud. Seja o setor do retalho, do turismo, da saúde ou até o tecnológico – o mundo mudou. Da mesma forma, a transformação digital é o caminho para enfrentar as alterações climáticas.

5 Os líderes têm de ser ousados e transparentes

A crise da Covid-19 demonstrou a importância da transparência na construção de relações de confiança. A forma como as empresas se comportam hoje irá definir a forma como são vistas amanhã. Tanto na crise pandémica como na climática, uma liderança forte e transparente é necessária para se chegar a bom porto.

Uma mudança sistemática e catalisadora a nível global apenas é possível se construirmos uma sociedade mais próspera e igualitária no mundo pós-Covid. Cada governo, comunidade e indivíduo tem um papel a desempenhar nesta transição. Da mesma forma que as empresas lideraram o caminho da mudança com a pandemia, poderão aplicar a mesma receita na resposta às alterações climáticas, ao reimaginarem e criarem a mudança que o planeta precisa.